Veja quem é o hacker que vazou dados de 223 milhões de brasileiros
Morador de Uberlândia (MG), Marcos Roberto Correia da Silva já foi alvo de outras ações policiais e investigações
atualizado
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O hacker Marcos Roberto Correia da Silva (foto em destaque), de 24 anos, preso pela Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (19/3) no âmbito das investigações da Operação Deepwater, é velho conhecido dos investigadores por ataques cibernéticos cometidos ao sistemas do Exército Brasileiro, Senado Federal e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Marcos Roberto é acusado de vazar ilegalmente dados de 223 milhões de brasileiros. Esta é a segunda vez que o hacker é preso pelo crime.
Antes, a PF havia detido o criminoso, conhecido na comunidade cibernética como Vandathegod, por envolvimento na invasão às redes do TSE durante o primeiro turno das eleições municipais de 2020.
Na ocasião, os investigadores identificaram que Marcos Roberto integrava grupo de criminosos brasileiros e portugueses responsável pelos ataques virtuais. Os investigados tiveram acesso a informações de servidores públicos do tribunal, divulgadas ilegalmente.
Ainda em 2020, o hacker foi identificado como autor de um ataque ao sistema do Senado Federal. O crime teria sido possível a partir da obtenção de dados de um servidor público da Casa.
A suspeita é de que o investigado, de posse dos dados de usuários, cobrava valores para não divulgar as informações pessoais. Os montantes seriam pagos na forma de bitcoins.
Durante a prisão do suspeito nesta sexta, a PF encontrou na casa do acusado, localizada em Uberlândia (MG), um computador e um celular.
Em um perfil alimentado pelo criminoso no Twitter, Marcos Roberto compartilhava os crimes cometidos e ainda ria das ações criminosas.
Veja publicações feitas pelo hacker:
Meu Hino pic.twitter.com/whmO6cEz3y
— VandaTheGod (@VandaTheGod) February 8, 2021
Prisão domiciliar e tornozeleira
Em entrevista à TV Integração, a família do hacker disse ter ficado surpresa com a nova prisão do suspeito, que já cumpria pena em regime domiciliar e fazia uso de monitoramento por tornozeleira eletrônica.
“Como uma pessoa que não tem muito estudo era um hacker suspeito de envolvimento [em crimes] em vários países?”, indagou a irmã, que não quis ser identificada.
A irmão contou que Marcos Roberto não dava dinheiro à família e vivia sendo cobrado pela mãe para entregar currículos e arrumar um emprego.
Ainda segundo familiares, o preso morava com a mãe, dois sobrinhos e três irmãos, em uma casa simples. Os parentes afirmam que o jovem teria usado computadores da lan house próxima para cometer os crimes, além de um notebook.
Operação Deepwater
A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã desta sexta-feira (19/3), uma operação para investigar o vazamento ilegal de dados de brasileiros. Os agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva em Petrolina (PE) e Uberlândia (MG).
As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Além de Marcos Roberto, um outro suspeito foi identificado pela PF.
As investigações apontaram para um vazamento, em janeiro deste ano, de “inúmeros dados sigilosos de pessoas físicas e jurídicas, tais como CPF/CNPJ, nome completo e endereço”. De acordo com a PF, esses dados foram disponibilizados em um fórum na internet especializado em trocas de informações sobre atividades cibernéticas.
“A divulgação de parte dos dados sigilosos foi feita gratuitamente por um usuário do fórum que, ao mesmo tempo, expôs à venda o restante das informações sigilosas que poderiam ser adquiridas por meio do pagamento em criptomoedas”, informou a PF.
A PF identificou o suspeito pela prática dos delitos de obtenção, divulgação e comercialização dos dados, bem como um segundo hacker que estaria vendendo os dados nas redes sociais.