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Tenente que disparou contra espanhola é indiciado por homicídio

O automóvel no qual estava a turista Maria Esperanza foi alvejados duas vezes. Atingida no pescoço, ela morreu antes de chegar ao hospital

atualizado

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1 de 1 rocinha51 - Foto: FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

O tenente da Polícia Militar David dos Santos Ribeiro, de 30 anos, acusado de matar com um tiro a turista espanhola Maria Esperanza Jiménez Ruiz na favela da Rocinha, na manhã de segunda-feira (23/10), foi indiciado por homicídio qualificado.

O delegado Fábio Cardoso, titular da Divisão de Homicídios, requereu ainda a conversão da prisão em flagrante para preventiva, sem prazo para acabar. De acordo com Cardoso, as investigações comprovaram que um tiro de fuzil “de alta energia” disparado por Ribeiro atingiu fatalmente o pescoço da vítima dentro do carro em que ela estava. Por pouco, não alvejou o motorista do veículo, o italiano Carlo Zanineta, que trabalhava para a agência de turismo promotora do passeio na comunidade.

“O tiro atingiu o pescoço da vítima, que estava no banco de trás, provocando uma lesão muito grande, e também atingiu a parte traseira do encosto do banco do motorista. Então, por muito pouco, o motorista também não foi atingido e morto por um tiro na cabeça”, afirmou o delegado, durante coletiva para imprensa.

O delegado lembrou o conflito de versões entre PMs (afirmaram que o motorista do veículo onde estava Maria Esperanza desobedeceu a uma ordem para parar) e testemunhas que estavam no carro (elas negam ter visto a determinação do policial). O automóvel foi atingido duas vezes: uma no vidro traseiro, outra no para-choque de trás. Houve, porém, outros disparos.

“Devo ressaltar que o fato de um carro não acatar a ordem de parada não dá o direito de os policiais atirarem”, afirmou o delegado. “Os turistas inclusive relataram que, durante o trânsito na Rocinha, viram vários policiais fardados e se sentiram seguros. Só que, infelizmente, um policial atirou contra o veículo com um fuzil e matou Maria Esperanza”, afirmou.

Outros dois policiais estavam com Ribeiro na ação. Um deles, o soldado Luis Rangel, também atirou para o alto, mas não foi indiciado pela DH. Foi preso por disparo de arma de fogo, um crime militar. Rangel e o tenente Diego Marcos Scofano prestaram depoimentos como testemunhas do homicídio. Com o grupo, foram apreendidos três fuzis e três pistolas para análise. Em depoimento, Ribeiro preferiu ficar calado.

Segundo Cardoso, o corpo de Maria Esperanza já foi necropsiado. A mulher estava no Brasil desde o último dia 20.

Por nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar negou que o corregedor da PM, o coronel Wanderby Braga de Medeiros, tenha pedido exoneração do cargo após o episódio.

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