PMs presos no Rio somam 250 mortes por “legítima defesa”
O número, admite a Polícia Civil, é considerado acima da média em comparação com outros batalhões do Estado
atualizado
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Os 96 policiais militares investigados na megaoperação da Polícia Civil de quinta-feira, 29, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, somam 250 autos de resistência, ou seja, quando o agente mata um suspeito, alegando legítima defesa.
O número, admite a Polícia Civil, é considerado acima da média em comparação com outros batalhões do Estado. A estatística é uma das mais polêmicas. E há especialistas até que defendem sua retirada, por poder mascarar execuções.
Os PMs presos são suspeitos de formar um esquema de corrupção com traficantes. Quando faltava propina, eles diversificavam as modalidades de crime. Por três vezes no período de investigação, que resultou em 63 prisões, sequestraram traficantes que não conseguiram arrecadar o valor combinado. Eles também revendiam armas e drogas apreendidas para o Comando Vermelho.
Aumento
A polícia ainda investiga se o aumento em quase três vezes dos roubos a cargas em São Gonçalo pode ter relação com o esquema de corrupção entre PMs do 7.º Batalhão (São Gonçalo) e traficantes. Essa modalidade de crime cresceu 277% no primeiro quadrimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2014, quando começou a investigação.
“Há um investigação que aponta a um aumento no roubo de cargas. Possivelmente, isso seria fruto de um ‘bote’ de R$ 1,5 milhão de um traficante do Morro do Salgueiro”, disse o delegado. “Um dos traficantes alvos da operação tomou um ‘bote’ (prejuízo) e teve de roubar carga para repor o dinheiro da boca de fumo”, completou.
Futuro
Segundo informações da polícia, um dos 22 traficantes denunciados na operação, Shumaker Antonácio do Rosário estaria sendo obrigado pelo Comando Vermelho a devolver pontos de vendas de drogas em comunidades de São Gonçalo, incluindo o Salgueiro. O delegado acredita que as prisões provocarão reflexos nos índices de criminalidade da região. “Quase a totalidade de assassinatos e outros tipos de crime tem ligação com facções criminosas, que atuavam livremente graças aos acordos financeiros.”