PM preso por matar João Beto alega que intenção era imobilizar, “não matar”
Informações foram dadas pelo segurança em depoimento à Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Outras duas pessoas estão presas pelo crime
atualizado
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Em depoimento à Polícia Civil, o PM temporário do Rio Grande do Sul Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, negou que tenha discutido com João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, antes das agressões. Policial militar temporário, o vigilante está preso desde 19 de novembro, data do crime ocorrido em Porto Alegre (RS).
Durante a oitiva, Giovane narrou que João Beto, ao sair do estabelecimento comercial, foi seguido até o estacionamento pelos seguranças. Neste momento, a vítima teria desferido um soco no PM temporário, que reagiu. Aos policiais, o fiscal defendeu que agiu para contê-lo e negou a intenção de matá-lo.
Além de Giovane, o também segurança Magno Borges Braz, 30 anos, e a fiscal de segurança, Adriana Alves Dutra, 51, também foram presos. A suspeita está detida de forma temporária após apresentar contradições em seus depoimentos. No entendimento dos investigadores, ela foi omissa ao não agir para evitar a morte da vítima.
A agente alegou que não que não interferiu no espancamento de João porque estava com “a saúde debilitada, em função de uma cirurgia feita recentemente“.
Ela declarou ter sido chamada pelo rádio porque um cliente havia agredido uma funcionária. Pontuou ainda que pediu aos seguranças que parassem de bater na vítima. Nos vídeos, Adriana aparece ao lado dos dois homens apontados como responsáveis pela morte de João Alberto. Ela ameaça um entregador que filmava o ataque.
Cenas da barbárie no Carrefour de Porto Alegre, João Alberto, de 60 anos, é brutalmente agredido e assassinado por seguranças do Carrefour e funcionária do mercado filma sem fazer nada.
A tragédia dos pretos e pretas não tem fim #VidasNegrasImportam#fogonosracistas pic.twitter.com/vZNNZSOy1o
— Robson de Aguiar #ViraSP50💙 (@Robsondeaguiar) November 20, 2020
O celular de Adriana foi apreendido. Ela negou que tivesse usado o aparelho para gravar as agressões. Contou que, durante o espancamento de João Alberto, segurava um radiocomunicador em vez do celular.
Delegada
Segundo a delegada que apura o caso, Roberta Bertoldo, “a partir das imagens que foram captadas e dos testemunhos colhidos, Adriana tinha, sim, o poder, naquele momento, de cessar as agressões dos fatos”.
A polícia afirma ainda que o depoimento de Adriana apresentou muitas inconstâncias, e esse é um dos motivos de sua prisão. “Ela está sendo presa, neste momento, para ajudar a investigação criminal. Por que ela está sendo presa? Justamente pelo fato de ter contradições no seu depoimento”, explica a chefe da Polícia Civil do RS, Nadine Anflor.
Por ter citado nomes de outras pessoas envolvidas na cena, a polícia estuda prolongar o prazo do inquérito, que tem duração estipulada até sexta-feira (27/11). Se a medida for adotada, os referidos por Adriana também serão chamados para prestar esclarecimentos.
“Essas pessoas estão sendo identificadas. Serão avaliados eventuais participação ou grau de responsabilidade de outras pessoas que podem ter tido alguma contribuição, ainda que de menor importância, na morte do João Alberto”, assinalou a diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, Vanessa Pitrez.
O caso
Beto foi morto no Carrefour, na última quinta-feira (19/11), em Porto Alegre. A esposa da vítima, Milena Borges Alves, 43, contou que o casal esteve no supermercado a fim de comprar verduras e ingredientes para fazer uma receita de pudim.
De acordo com Milena, eles ficaram poucos minutos dentro do estabelecimento. Relatou que Beto saiu na frente, em direção ao estacionamento. Quando chegou ao local, disse que se deparou com o marido no chão e que foi impedida de chegar perto dele.