PF prende organização que promovia imigração ilegal para os EUA
Grupo criminoso providenciava solicitações de refúgio ou fornecia documentos falsos a migrantes oriundos de países da Ásia
atualizado
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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (31/10/2019) uma operação contra o contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro, que ocorreu simultaneamente em 20 países da América do Sul e Central. Por meio de cooperação com a agência norte-americana de imigração (Immigration and Customs Enforcement – ICE) foram descobertos estrangeiros moradores de São Paulo que lideravam uma organização criminosa para promover a ida ilegal de pessoas para os Estados Unidos.
Os agentes cumpriram oito mandados de prisão temporária e 18 de busca e apreensão em São Paulo, Embú das Artes, Taboão da Serra, em São Paulo, e Garibaldi, no Rio Grande do Sul. Também houve o bloqueio judicial de 42 contas bancárias que seriam usadas na prática dos crimes. As medidas foram expedidas pela 10ª Vara Federal Criminal Especializada em Lavagem de Dinheiro de São Paulo e pela Justiça Federal do Acre.
As investigações começaram em 2018. “Por meio de cooperação policial e jurídica internacional, ação controlada, interceptação telefônica e de e-mails, quebras dos sigilos bancário e fiscal, apurou-se que o grupo criminoso providenciava solicitações de refúgio ou o fornecimento de documentos de viagem falsos a migrantes ilegais oriundos de países do Sul da Ásia“, segundo a polícia.
Os principais alvos da organização eram cidadãos do Afeganistão, Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão. “Com esses documentos [falsos], os migrantes ilegais partiam de seus países por via aérea com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, por onde ingressavam no continente americano”, informou a PF.
Os migrantes seguiam para Rio Branco, no Acre, e de lá atravessavam a fronteira com o Peru e passavam por outros países da América do Sul e Central até chegar ao México.
A PF identificou, no entanto, que enquanto estavam em São Paulo, os migrantes sofriam maus-tratos, como cárcere privado e agressões físicas e psicológicas.
Ao menos US$ 10 milhões foram movimentados indevidamente entre 2014 e 2019.
Os investigados responderão pelos crimes de contrabando de migrantes — qualificado pela submissão a condições desumanas e degradantes —, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de 3 a 10 anos de prisão.