Operação para desestruturar PCC prende 63 pessoas
Objetivo da ação foi desmanchar cúpula da facção criminosa que comandava execuções de agentes públicos ou inimigos do grupo
atualizado
Compartilhar notícia
Sete presos foram transferidos para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) e 63 mandados de prisão cumpridos nesta quinta-feira (14/6), durante a Operação Echelon, feita pelas secretarias da Segurança Pública e Administração Penitenciária de São Paulo, em conjunto com o Ministério Público. O objetivo foi desestruturar a cúpula da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Também houve o cumprimento de 55 mandados de busca e apreensão.
A operação teve início há um ano, com a interceptação de mensagens, o chamado “salve”, que integrantes do PCC emitiam para integrantes da facção fora de presídios. De acordo com o secretário de Administração Penitenciária, Lourival Gomes, com a transferência, em 2016, de líderes da facção para o RDD, entre eles Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, a relação de poder foi substituída e novos integrantes passaram a enviar as mensagens.
Conforme explicou Gomes, foi possível recuperar as mensagens com a instalação de telas no esgoto dos presídios. “À medida medida em que entrávamos com o nosso pessoal, os presos rasgavam e colocavam esses salves na privada e davam descarga. Nós simulamos um problema no esgoto na penitenciária, instalamos telas e nos dias que sabíamos ter mais rascunhos, quinta e sexta, entramos com o pessoal e esses manuscritos foram jogados fora, mas pararam nessas redes”, descreveu.Ordem para execuções de agentes públicos
O teor das mensagens não foi divulgado, mas, entre outros comunicados, elas se referiam a ordens para execuções de agentes públicos ou inimigos da facção, rebeliões em presídios e ataques a ônibus. Na avaliação dos responsáveis pela operação, é possível que novos interlocutores sejam definidos, mas a estruturação dessa rede de comunicação leva tempo, pois requer estabelecimento de relações de confiança entre os membros da facção.
O secretário de Segurança Pública, Mágino Alves, avaliou a operação como um “golpe sério e duro” ao PCC. “Desarticula essa organização criminosa e possibilita uma ação de autoridade de outros estados. Essa ação criminosa atingia outras unidades da Federação, então é um golpe a essa organização criminosa”, disse.
“Foi estancada uma importante célula da criminalidade organizada que gerava reflexos em outros estados da Federação”, destacou Mário Luiz Sarrubbo, subprocurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo. Segundo ele, o trabalho de investigação terá continuidade e as medidas judiciais cabíveis serão solicitadas pelo MP. “O trabalho apenas se inicia”, disse.
Das 63 prisões, 51 são de pessoas já presas e três ocorreram em flagrante. O promotor Linconl Gakiya, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente, no interior paulista, explicou que, apesar de parte deles já estar presa, a decretação de prisão preventiva por organização criminosa impede que sejam libertados pelo crime anterior, responsável por levá-los à prisão.