Oito PMs são presos após serem filmados ao agredirem jovem em SP
Rapaz chegou a ser arrastado pelas ruas por um policial, enquanto outro continuava com as agressões no meio da rua
atualizado
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Oito policiais militares foram presos após serem filmados ao participarem de agressão contra um jovem que se identifica como “trabalhador” no último sábado (13/06), em Jaçanã, zona norte de São Paulo (SP).
Os militares desferem chutes, socos e tapas no rapaz de 27 anos. Imagens gravadas por uma testemunha mostram que o jovem chega a ser agredido com um cassetete. Assista:
Os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça Militar de São Paulo (TJMSP) nessa segunda-feira (15/06). Presos, os policiais foram apresentados à Corregedoria. Eles já estavam afastados da corporação.
Entre os acusados, um deles é tenente, o PM Wagner dos Santos, e um é sargento, o PM João Alberto Burnardo. Os outros seis são soldados da corporação.
“A liberdade dos investigados abala a credibilidade da instituição policial militar e gera sentimento de impunidade perante as dezenas de milhares de homens e mulheres fardados, armados e treinados pelo Estado”, justifica o juiz Marcos Fernando Theodoro Pinheiro, conforme documento obtido pelo Metrópoles.
O magistrado destaca que o episódio requer, ainda, apuração, mas diz que os policiais podem responder pelos crimes de lesão corporal e tortura. A sentença deve sair em até seis meses, segundo a Justiça Militar.
Outro lado
Em uma primeira versão, os policiais relataram que, durante deslocamento para atendimento de uma ocorrência, se depararam com uma perturbação de sossego público, com interdição de via e grande aglomeração de pessoas. Ao pedir apoio, as viaturas teriam sido alvos de rojões, pedradas e garrafas.
Para “repelir a agressão”, os agentes disseram ter identificado uma pessoa que estava arremessando pedras. “Na tentativa de abordagem, ao acessar uma escadaria, o soldado PM Xavier entrou em luta corporal com o mesmo quando tentou arrebatar o armamento das mãos do militar, sendo necessário força policial para contê-lo, fato que fez restar lesões corporais em ambos”.
As imagens gravadas, no entanto, não mostram a luta entre o jovem e o policial, mas, sim, o cerco feito pelos agentes ao homem, que já estava caído, e os golpes sequenciais desferidos contra ele. Com a divulgação das imagens, a corporação decidiu abrir investigação para apurar crimes de lesão corporal e abuso de autoridade.
Lapso
No 73º Distrito Policial, onde o caso foi registrado na Polícia Civil, o delegado responsável destacou que houve “considerável lapso entre o ocorrido e a apresentação a esta autoridade”.
A vítima prestou depoimento pela manhã no DP e foi questionada sobre os ferimentos, reforçando a versão policial de que teria caído da escada. “Disse que as lesões na região de seu olho direito teriam ocorrido com a queda ao chão, pois teria batido a cabeça na escada”, registra o boletim de ocorrência do caso.
As imagens não mostram queda na escada. A versão pode ter sido dada diante de medo de represália pelos policiais militares. “Os policiais construíram uma história para alegarem legítima defesa, disseram que a vítima estava arremessando pedras e entraram em luta corporal. Mas as imagens desmentem a versão deles”, disse o advogado Ariel de Castro Alves,do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe).
“Já criaram todo um álibi que depois fica a palavra da vítima e de algumas poucas testemunhas, todas amedrontadas, e a palavra dos PMs, tratada com presunção de veracidade pela polícia e justiça”, acrescentou Alves. Na Polícia Civil, o caso foi registrado como tortura. (Com informações da Agência Estado)