Oito em cada 10 mortos pela polícia são negros, diz relatório
Além disso, 99,2% são homens e 74,3%, jovens de até 29 anos. Números foram divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
atualizado
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No Brasil, 6.357 pessoas morreram vítimas de violência policial no ano passado. Dessas, oito a cada 10 (79,1%) são negras. Além disso, 99,2% são homens e 74,3%, jovens de até 29 anos.
Os dados foram publicados, na noite desse domingo (18/10), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e fazem parte do 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (leia aqui a íntegra).
O número de mortes em decorrência de intervenções policiais cresce ano após ano e alcançou, no ano passado, o auge do indicador, que tem sido monitorado pela organização desde 2013.
No período computado, esses tipos de mortes quase triplicaram — houve um aumento de 288% nos últimos sete anos. Em 2013, 2.212 pessoas foram vitimadas durante intervenções policiais.
O levantamento mostrou ainda que, no primeiro semestre de 2020, as mortes provocadas por intervenções policiais cresceram 6% em números absolutos, vitimando 3.181 pessoas.
A diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, doutora em administração pública, disse nesta segunda-feira (19/10) que o problema é bastante grave, mas característico de alguns estados.
“É um número obsceno, que mostra a ação abusiva por parte dos policiais. Mas nem para todos os estados isso é um problema, pois é localizado em alguns territórios”, assinalou.
Amapá, no extremo norte do país, lidera o ranking das unidades federativas com as maiores taxas de mortalidade por intervenções policiais, com 14,3 mortes a cada 100 mil habitantes.
Em seguida, estão Rio de Janeiro (10,5 mortes por 100 mil habitantes), onde morava o menino João Pedro, morto dentro de casa durante uma operação da polícia, Goiás (7,6), Sergipe (7,2) e Pará (7,1). Na outra ponta, o Distrito Federal tem a menor taxa (0,3).