Na Rocinha, 38 pessoas morreram desde setembro na guerra do tráfico
Tiroteios na comunidade são frequentes desde o ano passado e se intensificaram após o traficante Nem retomar o controle da região
atualizado
Compartilhar notícia
Desde que a favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, passou a conviver com tiroteios frequentes, em setembro do ano passado, 38 pessoas já foram assassinadas. A Polícia Militar do Rio de Janeiro contabiliza “35 criminosos, um policial e uma mulher” mortos até a última sexta-feira (26). Não faz parte da estatística a jovem Ana Luiza Carvalho da Silva, de 19 anos, encontrada morta em sua casa. Ela é reconhecida na comunidade como ex-mulher de um traficante e teria sido assassinada por vingança.
Os tiroteios na Rocinha ficaram mais intensos com o comando do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, de retomar o comércio ilegal de drogas no morro, então liderado por Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157. Nem está preso desde 2011 e Rogério 157 foi capturado em dezembro. A guerra do tráfico aparentava estar controlada pela polícia e Forças Armadas após a prisão de Nem. Mas, desde a semana passada, a população local voltou a conviver com o medo e os casos de ferimentos por bala perdida voltaram a acontecer.
O mais recente episódio de violência na Rocinha aconteceu nesse sábado (27). A costureira Hilda Pereira, de 70 anos, foi baleada na cabeça e em um dos braços quando saía de casa para entregar encomendas na vizinhança. Operada no Hospital Miguel Couto, ela não corre risco de morrer. Neste domingo (28), o tiroteio persiste, mas, até o fim desta tarde, não há informação de novos feridos.
Pelas contas da PM, desde setembro, nove moradores foram atingidos. A estatística, no entanto, não inclui a costureira Hilda, o que eleva o número de casos de ferimento para dez. A polícia ainda contabiliza 82 prisões e 17 apreensões de menores de idade, além da captação de dezenas de armas e explosivos e de mais de duas toneladas de drogas.