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MP diz ter indícios de chacina da PM do Amazonas em ação contra o tráfico

Na ocasião, 17 pessoas morreram – todas seriam integrantes de facção criminosa. Polícia Civil diz que houve “legítima defesa” dos militares

atualizado

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1 de 1 chacina - Foto: TV Globo/Reprodução

O Ministério Público do Amazonas (MPAM) afirmou ter indícios de que as 17 pessoas mortas em operação contra o narcotráfico em Manaus (AM) teriam sido assassinadas pela Polícia Militar do estado. A chacina ocorreu em outubro do ano passado e foi alvo de investigação pela Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial (Proceap).

A declaração diverge do inquérito instaurado pela Polícia Civil do estado. Para a corporação, a força-tarefa agiu “no estrito cumprimento do dever legal”.

Os investigadores disseram, ainda, que não encontraram indícios de homicídio doloso – quando há intenção de matar – praticado pelos agentes.

No entanto, em manifestação do Ministério Público obtida pelo Metrópoles, a Proceap afirma que a versão dos policiais militares “carece de credibilidade quando confrontada com os demais elencos de informação reunidos nos autos”.

Laudos

O órgão confronta os depoimentos dos militares com laudos de necropsia das vítimas. “Chama a atenção que o resultado aponta incomum precisão dos disparos que vitimaram os 17 indivíduos, mortos com 32 disparos. Desses, 71,88% foram no tórax, 18,75% no abdômen e o restante em outras áreas do corpo.”

Segundo os documentos, nove pessoas morreram com dois disparos, quatro com apenas um tiro e outras quatro com três disparos. Uma delas foi alvejada quatro vezes pelos policiais.

Outro ponto que chamou a atenção dos promotores foi a ausência de ficha criminal de boa parte dos mortos. “Depoimentos colhidos no decorrer da investigação demonstram que entre os mortos estavam pessoas não envolvidas com a criminalidade.”

“Tais depoimentos afastam a versão de legítima defesa apresentada pelos policiais militares, pois evidenciam que foram mortas pessoas que não estavam efetuando disparos de arma de fogo. Para além dos homicídios perpetrados, observa-se a presença de fortes indícios também da prática de fraude processual qualificada, tendo em vista a remoção de cadáveres do local do crime”, afirma a promotoria no documento obtido pela reportagem.

A denúncia, agora, será levada para a 16ª Promotoria de Justiça do MPAM. Em nota, a assessoria de imprensa afirma que será aberta uma ação criminal contra os acusados.

O caso

Em outubro de 2019, segundo a Secretaria de Segurança Pública, policiais militares e integrantes de facção criminosa teriam entrado em confronto, resultando na morte de 17 pessoas. À época, a pasta informou que o grupo estaria se preparando para assassinar rivais com o objetivo de controlar áreas do tráfico.

De acordo com a polícia, uma denúncia anônima indicou que cerca de 50 pessoas armadas estariam em um caminhão-baú indo para o ataque.

No entanto, no entendimento dos promotores, a cena do crime teria sido manipulada para passar a impressão de que a força de segurança agiu em legítima defesa.

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