“Meu sonho acabou, minha família está destruída”, diz pai de menina baleada
Maycon Santos era pai de Rebeca, 7, e primo de Emilly, 5, mortas no sábado (5/12). Família suspeita que meninas foram baleadas por PM
atualizado
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Maycon Douglas Moreira Santos pai de Rebecca Beatriz Rodrigues Santos, de 7 anos, e primo de Emilly Victoria da Silva Moreira Santos, de 5, divulgou vídeo em que convoca a comunidade de Duque de Caxias para um protesto de luto pela morte das duas meninas. O vídeo foi divulgado pelo jornal O Dia.
“Ninguém pode perder o filho do jeito que eu perdi numa violência dessa. Infelizmente, meu sonho acabou, minha família está destruída, se acabaram os planos que a gente tinha para as meninas, mas elas estarão sempre nos nossos corações. Agora nós vamos fazer uma manifestação, para fazer alguma coisa, para não passar em branco. Será na Praça do Pacificador, às 15h”, declarou Maycon Santos.
O movimento Coalizão Negra por Direitos repercutiu o chamado de Santos e apoiará o ato, que também conta com a participação do Movimento Negro Unificado de Caxias, Movimenta Caxias e Favelas em Luta. “Exigimos responsabilização e reparação por parte do Estado às famílias das dezenas de crianças mortas só esse ano no RJ. Não foi um caso isolado, é um padrão de atuação da política de segurança pública”, declarou a Coalizão Negra por Direitos em suas redes sociais.
As meninas, que eram primas, foram baleadas por volta das 20h de sexta-feira (04/12) enquanto brincavam na porta de casa e esperavam a avó comprar um lanche.
Segundo familiares, uma viatura da polícia militar passou pela rua disparando. A Delegacia da Polícia Civil de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) apreendeu neste domingo (6/12) as armas de cinco policiais militares do 15º Batalhão de Duque de Caxias suspeitos de envolvimento na morte das meninas. A PM nega que tenha feito disparos.
Segundo informações de O Globo, as meninas foram enterradas no sábado (05/12). Alexsandro dos Santos, pai de Emilly e tio de Rebecca, lacrou as sepulturas com as próprias mãos.
“Estamos enterrando mais uma vítima da violência na nossa comunidade. Duas crianças. Minha filha e minha sobrinha. Está aí os governadores que só querem ganhar dinheiro nas costas dos outros. Estou enterrando a minha filha, que não viveu nada”, afirmou Alexsandro para O Globo.
De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, das 22 crianças baleadas este ano na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, oito delas morreram, sendo as crianças mortas todas negras. Veja na galeria: