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Lava Jato vê irregularidades em venda de parte da PetroAfrica para BTG

Operação apura favorecimento a banco de André Esteves em negócio bilionário de aquisição de 50% de ativo da Petrobras na África em 2013

atualizado

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1 de 1 andré esteves - Foto: Reprodução/TV Globo

A nova fase da Operação Lava Jato deflagrada na manhã desta sexta-feira (23/08/2019) tem como alvo supostas propinas pagas no negócio de compra de metade da PetroAfrica – empresa de petróleo africana – pelo banco Banco BTG Pactual da Petrobras, em 2013, negócio que teria envolvido prejuízo de cerca de R$ 6 bilhões, segundo os investigadores.

A Polícia Federal tem como alvos o banqueiro André Esteves, a ex-presidente da Petrobras Graça Foster e o PT nesta nova fase denominada Operação Pentiti – termo italiano referente aos “arrependidos”, equivalente a delatores, devido a informações fornecidas pelo ex-ministro Antônio Palocci.

Cerca de 80 policiais federais cumprem 12 mandados de busca e apreensão em endereços de São Paulo (3) e do Rio de Janeiro (9) – entre eles, a sede do Banco BTG na capital fluminense. A operação não cumpre ordens de prisão. As medidas foram autorizadas pela juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná.

A força-tarefa da Lava Jato informou que “a partir de análise de documentos apreendidos em fase anterior da Operação Lava Jato, identificaram-se indícios de que os ativos foram comercializados em valor substancialmente inferior àquele que havia sido avaliado por instituições financeiras de renome no início do processo de venda”.

As propinas em negócio de venda de 50% da PetroAfrica para o BTG Pactual já tinham sido citadas em outros depoimentos de delatores para a Lava Jato. Na ocasião, o banco informou por meio de nota que “a proposta do BTG Pactual, de US$ 1,5 bilhão por 50% da JV, foi a mais alta e considerada justa pelo assessor financeiro contratado pela Petrobras, Standard Chartered Bank”.

“A operação de aquisição de 50% dos ativos da Petrobras Oil and Gas B.V. (POG) na África pelo BTG Pactual E&P B.V., sociedade detida pelo BTG Pactual conjuntamente com diversos clientes, inclusive renomados fundos de investimentos estrangeiros, foi realizada em um leilão, para o qual foram convidados a participar diversos players do mercado (14 no total), vários dos quais participaram efetivamente do processo.”

Em nota divulgada nesta sexta, o Ministério Público Federal informou que, “no início do processo, o preço desses ativos havia sido avaliado entre US$ 5,6 bilhões e US$ 8,4 bilhões. Ao final do processo, 50% desses ativos foram vendidos por US$ 1,5 bilhão em 2013, valor esse em flagrante desproporção com aquele inicialmente avaliado”.

Segundo os procuradores, “apurou-se, ainda, que esse procedimento de venda foi permeado por diversos indícios de irregularidades”. Entre elas, destacaram “a possível restrição de concorrência, de forma a favorecer o BTG, o acesso pelo BTG a informações sigilosas, a aprovação da venda pela diretoria executiva em um dia e do conselho de administração no dia seguinte, sem que tenha havido tempo suficiente para discussão ampla de operação de valor tão elevado”.

Segundo a PF, a investigação trata de fatos de diferentes inquéritos policiais e foi impulsionada pelo acordo de colaboração premiada do ex-ministro Antônio Palocci. O delegado Luciano Flores de Lima, superintendente da PF no Paraná, afirmou que a nova fase não investiga o banco ou sistema financeiro, mas sim “fatos”.

Propinas
Trata-se da segunda operação da força-tarefa nesta semana. Na quarta (21/08/2019), a Polícia Federal deflagrou a Carbonara Chimica, fase 63 da Lava Jato, para investigar a suspeita de pagamento de propina a dois ex-ministros dos governos Lula e Dilma por parte da Odebrecht. A operação também envolveu a planilha Programa Especial Italiano, na qual Palocci era tratado como “Italiano” e Guido Mantega como “Pós-Itália”.

O MPF informou que outra frente de apuração diz respeito a relato feito por Antonio Palocci, em que afirma que André Esteves, em período próximo ao final da campanha de 2010, teria acertado com Guido Mantega o repasse de R$ 15 milhões para garantir privilégios ao BTG Pactual no projeto das sondas do pré-sal da Petrobras.

“Segundo Palocci, parte desse valor teria sido entregue em espécie a Branislav Kontic na sede do Banco.”

O nome da ex-presidente da Petrobras Graça Foster também aparece na nova fase. “Apura-se, ainda, informações contidas em e-mails de Marcelo Odebrecht e prestadas por Palocci no sentido de que a ex-presidente da Petrobras Graça Foster teria conhecimento do esquema de corrupção existente à época na estatal, mas não teria adotado medidas efetivas para apurar tal esquema ou impedir a continuidade do seu funcionamento.”

Foster é a terceira ex-presidente da Petrobras alvo da Lava Jato. Ela ocupou o comando da estatal entre fevereiro de 2012 e fevereiro de 2015. José Sérgio Gabrielli e Aldemir Bendine também caíram no radar das apurações.

COM A PALAVRA, O BANCO BTG PACTUAL
A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do Banco. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE GRAÇA FOSTER
A reportagem tenta contato com a defesa da ex-presidente da Petrobras. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE ANDRÉ ESTEVES
A reportagem tenta contato com a defesa do executivo do BTG. O espaço está aberto para manifestação.

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