Lava Jato: Paulinho da Força é alvo da PF por suspeita de crime eleitoral
Policia investiga deputado federal pelo suposto recebimento de doações eleitorais não contabilizadas no valor total de R$ 1,7 milhão
atualizado
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A Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Eleitoral (MPF), deflagrou na manhã desta terça-feira (14/7) a Operação Dark Side. Entre os alvos, está o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
Esta é a primeira fase da Operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo desde entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Inquérito nº 4.435, em 14 de março de 2019, sobre a competência da Justiça Eleitoral.
São cumpridos sete mandados de busca e apreensão em São Paulo (SP) e Brasília, além do bloqueio judicial de contas bancárias e imóveis dos investigados, determinados pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo (SP).
O apartamento funcional do deputado, na Asa Norte, em Brasília, foi alvo de busca. Seis agentes chegaram ao local por volta das 6h, em carros descaracterizados. Os policiais ficaram no imóvel por volta de uma hora e saíram com um computador e documentos. A Polícia Legislativa também participou da ação.
O deputado não está em Brasília. Além do apartamento, uma equipe da PF foi ao gabinete dele na Câmara dos Deputados.
O inquérito policial foi remetido à Justiça Eleitoral de São Paulo ainda em meados do ano passado, com a colaboração premiada de acionistas e executivos do Grupo J&F.
Por meio da quebra dos sigilos bancários, informações do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e testemunhos, foi constatado o recebimento por Paulinho da Força de doações eleitorais não contabilizadas, “de maneira dissimulada”, durante as campanhas de 2010 e 2012, no valor total de R$ 1,7 milhão.
Os pagamentos teriam ocorrido por meio da simulação da prestação de serviços advocatícios e de valores em espécie, contando para isso com doleiros contratados pelo referido grupo.
Com o decorrer das diligências, os agentes descobriram que o escritório de advocacia, supostamente envolvido na simulação da prestação de serviços, tinha como um dos sócios o genro de Paulinho da Força. Com a quebra do sigilo bancário da empresa, foi identificada também a transferência de valores próximos à eleição de 2012, oriundos de entidade sindical relacionada ao parlamentar investigado e não declarada na campanha.
Além disso, foi verificada a existência de diversas operações financeiras que se caracterizam como lavagem de dinheiro.
Os investigados podem responder pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro, com penas de 3 a 10 anos de prisão.
Por se tratar de parlamentar no exercício de mandato, as investigações em primeira instância se restringem aos fatos apurados nos anos de 2010 e 2012. Em relação ao escritório de advocacia, a ação policial também busca provas da atualidade da prática de crimes conexos.
Em nota divulgada nas redes oficiais do parlamentar, ele lamenta o ocorrido, “tendo em vista que já são passados 10 anos desde os fatos apontados, sendo que suas contas das eleições de 2010 a 2012 foram aprovadas regularmente pela Justiça Eleitoral”.
Paulinho da Força disse confiar que a “apuração chegará à conclusão de que os fatos trazidos não possuem nenhum fundamento”.