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Lava Jato mira em setor de compra e venda de combustíveis da Petrobrás

As propinas nos negócios de trading teriam abastecido o suposto caixa 2 da campanha de Jaques Wagner (PT)

atualizado

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Com a prisão preventiva do empresário Mariano Ferraz, detido no aeroporto de Guarulhos nesta quarta-feira (26/10), quando estava prestes a embarcar para Londres, a força-tarefa da Lava Jato avança sobre uma área ainda não investigada na Petrobrás: o setor de compra e venda internacional de combustíveis e derivados que pode atingir, além do PT, o PMDB e o PSDB.

Segundo a Lava Jato, o grupo internacional Trafigura, do qual Ferraz é executivo, movimentou US$ 8,6 bilhões em compras e vendas de derivados de petróleo com a Petrobrás entre 2003 e 2015. Não é a primeira vez que a área de trading de combustíveis e derivados do petróleo, que é submetida à Diretoria de Abastecimento, aparece na operação.

Em suas delações premiadas, o ex-diretor Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, e o ex-senador Delcídio Amaral relataram que essa área era um “terreno fértil para ilicitudes”, pois os preços poderiam variar artificialmente gerando uma “margem para propina”. O próprio Cerveró disse que a a Trafigura era uma das principais empresas atuantes neste setor na estatal e que as negociações diárias “podem render milhões de dólares ao final do mês em propina”.

Caixa 2
Segundo o ex-diretor, apesar de não ser uma área de “muita influência” do PT na estatal, as propinas nos negócios de trading teriam abastecido o suposto caixa 2 da campanha de Jaques Wagner (PT) ao governo da Bahia, em 2006.

Ele relatou também que Rogério Manso, diretor de Abastecimento antes de Paulo Roberto Costa, seria um nome “do PSDB” indicado ao cargo, antes do governo Lula, pelo ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e que teria operado esse “esquema de trading” até 2004, com a chegada de Paulo Roberto Costa à diretoria.

Ainda assim, segundo o delator, Manso teria continuado a atuar na área de trading até 2007 e teria sido o responsável, segundo Cerveró, por coordenar “informalmente” a captação do dinheiro do suposto caixa 2 de Wagner, em 2006.

Delcídio também relatou em sua delação que, com a chegada de Paulo Roberto Costa à Diretoria de Abastecimento, em 2004, Malan teria pedido ao então ministro da Fazenda Antonio Palocci que Manso permanecesse na diretoria. A partir daquele ano, contudo, Mansou ficou seis meses assessorando o então presidente da Petrobrás, Ildo Sauer e, depois foi para a diretoria de Gás e Energia, onde ficou até 2007.

Depois dele, segundo Cerveró, a área de trading teria sido assumida, em 2010, por um indicado pelo senador Edison Lobão (PMDB) identificado como “Pereirinha”.

Prisão
No pedido de prisão de Ferraz, a força-tarefa aponta que o executivo teria repassado mais de US$ 800 mil dólares em propinas a Paulo Roberto Costa entre 2011 e 2013 por meio de uma conta do genro do ex-diretor no exterior.

Os investigadores levantam todos os contratos da Trafigura e citam o volume de negócios dela, incluindo o trading internacional e o afretamento de navios (que de 2004 a 2015 somam US$ 169 milhões) da companhia com a Petrobrás. Além disso, eles também citam um contrato de aluguel da Decal, empresa que Ferraz representava, com a estatal petrolífera.

Ao decretar a preventiva, o próprio juiz Sérgio Moro aponta que “não está totalmente claro se (Mariano Ferraz) agiu, na ocasião, representando os interesses da Trafigura ou da Decal”. O executivo deverá depor à Polícia Federal nos próximos dias sobre as acusações que pesam contra ele.

Procurada, a defesa do senador Edison Lobão (PMDB) não respondeu ao contato da reportagem.  O ex-ministro Jaques Wagner e a defesa de Antonio Palocci não foram localizados.

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