Lava Jato investiga se delator-bomba da Petrobras omitiu crimes
Operação aponta propinas a executivos da gerência de Marketing, subordinada à Diretoria de Abastecimento e chefiada por Paulo Roberto Costa
atualizado
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O delegado de Polícia Federal Filipe Hille Pacce afirmou nesta quarta-feira (5/12) que a Operação Lava Jato apura se o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da investigação, omitiu fatos relativos a outros capítulos do esquema de corrupção e cartel na estatal. A Operação Sem Limites, fase 57 da Lava Jato, investiga gigantes do mercado internacional de petróleo por suspeita de pagamento de propinas milionárias a executivos da Petrobrás em troca de vantagens na aquisição de derivados.
“O curioso é que o Paulo Roberto Costa não narrou esse esquema no momento da sua colaboração. Se tivermos indícios de omissões dolosas, terá que haver talvez alguma medida contra ele, ouvido novamente. É uma questão que vai ser objeto de diligência aqui nesta investigação”, declarou o delegado da PF.
O engenheiro foi o primeiro delator-bomba da Lava Jato. Em março de 2014, quando a grande operação saiu às ruas pela primeira vez, ele foi preso por ordem do então juiz federal Sérgio Moro. Os investigadores descobriram US$ 23 milhões de Paulo Roberto em contas na Suíça.
Em agosto de 2014, ele firmou acordo de colaboração e revelou bastidores do esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobrás. Apontou nomes de deputados e senadores que teriam recebido propinas.
“Eventualmente, se caracterizada a omissão dolosa em relação a esse ponto, ele perde os benefícios do acordo. Isso será apurado, aprofundado nas investigações e as medidas, se necessárias, serão adotadas”, afirmou o procurador da República, Athayde Ribeiro Costa.
A Lava Jato 57 suspeita que, entre 2011 e 2014, as empresas Vitol, Trafigura e Glencore pagaram propinas para intermediários e funcionários da Petrobrás nos montantes, respectivamente, de US$ 5,1 milhões, US$ 6,1 milhões e US$ 4,1 milhões, relacionadas a mais de 160 operações de compra e venda de derivados de petróleo e aluguel de tanques para estocagem. A Sem Limites apura o pagamento total de pelo menos US$ 31 milhões em propinas para funcionários da Petrobrás, entre 2009 e 2014.
Os investigadores da Lava Jato afirmam que os subornos beneficiavam funcionários da gerência executiva de Marketing e Comercialização, subordinada à diretoria de Abastecimento. Segundo o Ministério Público Federal, as operações de trading e de locação que subsidiaram os esquemas de corrupção foram conduzidas pelo escritório da Petrobrás em Houston, no estado do Texas, EUA, e pelo centro de operações no Rio de Janeiro.