Inquérito diz que PMs mataram Mizael, de 13 anos, em “legítima defesa”
Na versão da polícia, o garoto estava armado e se negou a soltar o revólver, o que provocou os disparos dos agentes que entraram na casa
atualizado
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“Legítima defesa própria e de terceiros”. Esta é a conclusão do inquérito sobre o caso do garoto Mizael Fernandes da Silva, de 13 anos, morto pelo Comando Tático Rural (Cotar) da Polícia Militar, com um tiro à queima-roupa, no município cearense de Chorozinho, na madrugada do dia 1º de julho.
De acordo com informações divulgadas pelo G1, o inquérito foi concluído no dia 24 de agosto, mas estava sob sigilo de Justiça até então.
Na versão da PM, o garoto estava armado e se negou a soltar o revólver, o que provocou os disparos dos policiais que entraram na casa de Mizael. Porém, a família nega essa versão e afirma que o jovem estava dormindo, no momento em que morreu, após a casa ter sido invadida pelos militares.
Narrativa contrária
Mas há um contraponto: a conclusão do IPM, presidido pelo tenente-coronel Paulo André Pinho Saraiva, produziu uma narrativa contrária à da delegada da Polícia Civil Adriana Câmara, que conduziu a investigação pela Controladoria de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).
Na ocasião, Adriana Câmara indiciou o sargento Enemias Barros da Silva por homicídio qualificado, por motivo fútil (artigo 121, § 2º, inciso II, do Código Penal).
Relembre
Mizael foi morto durante uma ação da PM, que invadiu a casa onde ele dormia e o atingiu com um disparo de arma de fogo.
Após atirar no garoto, policiais retiraram-no da casa e o levaram até um hospital no município, mas Mizael não sobreviveu. De acordo com a família, agentes da polícia também levaram o edredom e o travesseiro com os quais o menino dormia.
Segundo familiares, Mizael estaria na cidade para realizar um tratamento médico e estava dormindo na casa de sua tia, Lizangela Rodrigues.
O caso comoveu os moradores da região. Comerciantes baixaram as portas em luto e populares chegaram a protestar ateando fogo em pneus e árvores, bloqueando o km 70 da BR-116 por cerca de uma hora.