Há dois anos, tragédia como a de Rio das Pedras deixou 24 mortos
Em abril de 2019, dois prédios residenciais desabaram na Muzema, comunidade ao lado de Rio das Pedras, na zona oeste carioca
atualizado
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Tragédia semelhante ao desabamento de um prédio, na madrugada desta quinta-feira (3/6), em Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), aconteceu há pouco mais de dois anos na comunidade da Muzema, a 3,5 quilômetros de distância.
Em 12 de abril de 2019, dois prédios residenciais desmoronaram na Muzema. A queda provocou a morte de 24 pessoas – até a publicação desta reportagem, havia sido confirmada a morte de uma criança em Rio das Pedras.
As duas áreas têm forte presença de milícias. Após a tragédia na Muzema, três pessoas – José Bezerra de Lira, conhecido como Zé do Rolo; Rafael Gomes da Costa; e Renato Siqueira Ribeiro – foram presas pelos crimes de homicídio doloso qualificado.
Eles foram soltos, porém, no último dia 17, por decisão da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Com a sentença, os réus poderão esperar pelo julgamento do caso em liberdade. Entretanto são obrigados a informar mensalmente à Justiça seus paradeiros e não podem ter contato com vítimas ou testemunhas do processo.
Autora da decisão, a juíza Simone de Faria Ferraz avaliou haver “evidente excesso de prazo da custódia preventiva, e essa, em hipótese alguma, pode ser vista como antecipação de pena”.
Zé do Rolo é apontado pelos investigadores como chefe do grupo responsável por vender apartamentos nos prédios que caíram. Ele foi preso em setembro de 2019, em Pernambuco.
Investigação em Rio das Pedras
Agentes da 32ª DP (Taquara) vão investigar as circunstâncias do desabamento de um prédio de quatro andares em Rio da Pedras, durante a madrugada desta quinta-feira.
Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) informou que instaurou um inquérito. “Equipes da delegacia estão no local para identificar testemunhas e vítimas. A perícia será realizada no local assim que os bombeiros terminarem o trabalho”, informou um dos trechos.
Rio das Pedras, com muitos moradores nordestinos desde a década de 1960, é considerado o berço da milícia no país.
Policiais foram os fundadores do grupo paramilitar para impedir a entrada de traficantes na região. O mercado imobiliário é um dos principais braços financeiros da organização criminosa.