Ex-assessor confessou ter matado Gerson Camata com tiro à queima-roupa
Responsável pelo caixa 2 que o ex-governador do ES supostamente mantinha com recursos de empreiteiras teria perdido processo judicial
atualizado
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Um antigo assessor do ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata, 77 anos, teria assassinado o político na tarde desta quarta-feira (26/12). O homem foi preso pela Polícia Militar pouco após a execução e, ao prestar depoimento, teria confessado o homicídio. O motivo: o ex-funcionário perdeu um processo judicial movido contra o emedebista.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) confirmou que Gerson Camata foi vítima de disparos de arma de fogo efetuados por Marcos Venicio Moreira Andrade (foto abaixo), 66 anos, ex-assessor do político, que chegou a fugir, mas já está preso e prestando esclarecimentos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória (ES).
Informações dão conta que Marcos Vinícius encontrou o senador aposentado em uma padaria próximo de onde ele morreu, em um dos pontos mais movimentados da Praia do Canto – área nobre de Vitória. Ao contrário do que disseram testemunhas, Marcos Venicio confessou que, sem conversar com o ex-patrão, deu um tiro à queima-roupa em Camata, que caiu morto após ser atingido no pescoço. O atirador tentou fugir, atravessou a rua, caiu em frente a um bar e foi preso na sequência.
Caixa 2
Em 2009, o ex-assessor acusou Gerson Camata de receber mesadas de empreiteiras (incluindo a Odebrecht), emitir recibos falsos para prestação de contas de campanhas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), além de exigir 30% do salário que Marcos ganhava como assessor do parlamentar no Senado Federal para pagamento de contas pessoais.
Conforme contou à polícia, o suspeito disse que, na época que era assessor do emedebista, administrava o caixa 2 mantido por Camata. Patrão e empregado teriam se desentendido, o que levou o funcionário a não trabalhar mais com o ex-governador e acioná-lo na Justiça.
Em 2013, por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, a causa desceu do Supremo do Tribunal Federal (STF) para a Justiça comum, visto que Camata não era mais senador (veja despacho do ministro).
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Recentemente, quando a primeira instância judicial apreciou o caso, o ex-funcionário foi derrotado e decidiu tirar satisfações com o ex-patrão. O acerto de contas teria terminado com o homicídio de Gerson Camata nesta tarde.
Pesar
O governador do estado, Paulo Hartung (sem partido), divulgou nota lamentando o assassinato de Gerson Camata. Hartung decretou sete dias de luto oficial.
Pelo Twitter, o governador eleito, Renato Casagrande (PSB), também se manifestou:
Nos despedimos hoje, com muita tristeza, desse líder carismático e agregador, que fez história no Espírito Santo. À família, meus sentimentos e minha solidariedade nesse momento de dor.
— Renato Casagrande (@Casagrande_ES) December 26, 2018
Perfil
Gerson Camata exerceu mandato como senador por 24 anos, de 1987 até 2011. O presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDB-CE), divulgou nota de pesar:
“Recebemos com muita tristeza a notícia da morte do ex-senador Gerson Camata, que por 24 anos representou, com destaque, o Espírito Santo no Senado Federal, depois de construir sólida carreira política como vereador, deputado estadual e governador. Nossa solidariedade aos seus familiares, amigos e ao povo capixaba”.
Camata também foi vereador de Vitória, deputado estadual e deputado federal. Começou a vida profissional como jornalista e apresentador no programa Ronda Da Cidade, na Rádio Cidade de Vitória. Era formado em ciências econômicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).