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Estratégia do governo para barrar impeachment é liberar créditos

Na lista dos Estados que devem receber recursos estão Ceará e Piauí, no Nordeste, e Paraná, no Sul

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Dilma Rousseff
1 de 1 Dilma Rousseff - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O governo vai conceder empréstimos que há tempos esperam liberação para Estados e municípios na tentativa de conseguir apoio de senadores indecisos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. É uma estratégia diferente da adotada com os deputados, e que não obteve êxito. Em conversas reservadas, porém, ministros avaliam como “dificílima” a possibilidade de atrair votos capazes de reverter a tendência de afastamento da presidente, depois que a Câmara autorizou a abertura do processo, na votação do domingo, 17.

Na lista dos Estados que devem receber recursos estão Ceará e Piauí, no Nordeste, e Paraná, no Sul. Há também negociações envolvendo a liberação de empréstimo para Manaus (AM), capital na Região Norte.

A presidente Dilma Rousseff convocou para esta quarta-feira, 20, uma reunião com ministros do “núcleo duro” e líderes do PT, do governo e do Congresso no Senado, com o intuito de definir a estratégia de reação para salvar o seu mandato.

O clima no Palácio do Planalto, porém, é de muito abatimento. Na noite desta terça, 19, centenas de mulheres do PT e de movimentos sociais, carregando rosas vermelhas e brancas, fizeram uma manifestação diante do Planalto gritando “Não vai ter golpe”, “Fica, Dilma!” e “Fora, Cunha”, numa referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dilma saiu do gabinete para cumprimentá-las e, num gesto inusitado, desceu a rampa do Palácio em direção às manifestantes. “Eu estou de alma lavada”, afirmou ela.

Nos bastidores, petistas dão como certa a aprovação do impeachment na Comissão Especial do Senado. A partir daí, preveem um calvário pela frente. Consideram que é muito remota a chance de vencer na primeira votação, no Senado, prevista para 12 de maio. E, se o governo perder essa batalha, a presidente será afastada por 180 dias.

Imagem eleitoral
A cúpula do PT estuda até mesmo explorar a imagem de Dilma como “mártir” nas eleições municipais de outubro. A narrativa da “vitimização” de Dilma e também do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está sendo construída pelo PT e pode ser o fio condutor para o partido virar oposição, depois de 13 anos no poder.

Embora a avaliação majoritária seja a de que é muito improvável Dilma voltar ao Planalto se ficar 180 dias à espera do segundo julgamento no Senado, há uma pequena esperança de que, nesse período, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) possa se inviabilizar no cargo.

“Se esse golpe se consumar, os movimentos sociais vão incendiar o País”, disse o senador Lindbergh Farias (RJ). “Quem acha que vamos ter estabilidade está redondamente enganado”, completou.

Nos próximos dias, o PT baterá novamente na tecla de que Temer é “sócio” de Cunha. A ideia dos petistas é mostrar que, se Temer assumir a Presidência da República e viajar, quem sentará na cadeira será Cunha, réu em ação penal autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob acusação de desvio de dinheiro em esquema de corrupção montado na Petrobras.

“O PT deveria saber que não é com ameaça nem com chantagem que vamos resolver o problema do País”, afirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente em exercício do PMDB.

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