“Como se fosse bicho”, diz homem sobre moradora de rua baleada
Vítima morreu com um tiro após abordar comerciante em Niterói (RJ) e pedir R$ 1. Segundo irmã, dinheiro era para comprar pão
atualizado
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Uma testemunha da morte da moradora de rua Zilda Henrique dos Santos Leandro, 31 anos, pelo comerciante Aderbal Ramos de Castro em Niterói, no Rio de Janeiro, disse que o crime foi cometido “com a maior naturalidade, como se ela fosse um bicho”. Néia, como era conhecida a vítima, foi morta pouco depois das 5h20 do último sábado (16/11/2019), após abordar seu algoz para pedir R$ 1. O suspeito foi preso e alegou ter atirado porque sofreu uma tentativa de assalto – versão que a polícia descarta com base nas imagens de câmeras de segurança.
Ainda segundo o homem que viu tudo, que trabalha em uma lanchonete na região e falou ao jornal Extra, Castro “matou a mulher friamente”. “Eu chegava para trabalhar e vi quando ela parou perto dele e pediu um dinheiro. Quando eu virei, eu só vi ele pegando a arma e disparando contra ela. Em seguida, foi embora como se nada tivesse acontecido. Ele matou a Neia com a maior naturalidade e como se ela fosse um bicho”, narrou a testemunha.
A advogada Daniela Lopes, que faz a defesa de Aderbal Ramos, afirmou que o cliente reagiu a um assalto. Também em entrevista ao Extra, ela tentou desqualificar as imagens que mostram a ocorrência.
“As imagens não conseguem pegar todo o entorno da rua e não dá para ver quantas pessoas que estavam ali. O que sabemos é que varias pessoas chegaram até ele para tentar pedir dinheiro. Ele, que é comerciante do local, foi surpreendido por essas pessoas. Como ele já tinha sido vítima de assalto antes e a pessoa já chegou gritando com outras pessoas, ele receoso e de impulso reagiu para não ser assaltado”, justificou a defensora.
A advogada disse ainda que o comerciante tinha porte de arma, o que foi negado pela Polícia Civil.
O autor do tiro foi preso nesta terça-feira (19/11/2019) e autuado por homicídio qualificado por motivo fútil.
O corpo de Zilda foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Niterói três dias após o crime, mas ainda não há notícias sobre o sepultamento.
Emoção
Na manhã desta quarta-feira (20/11/2019) uma irmã da vítima esteve na porta da delegacia pediu justiça pela morte de Zilda. Segundo a mulher, Aderbal Ramos de Castro já havia agredido outros moradores de rua antes do assassinato de Zilda. “Ela chegou nele para pedir R$ 1 para comprar um pão. Após isso, ele falou que era para a minha irmã sair porque se não ele daria um tiro na minha irmã. Ela disse que era para ele dar o tiro então. Ele foi pegou arma e atirou”, disse a mulher, que pediu anonimato.