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Citação de porteiro a Bolsonaro leva caso Marielle a Toffoli

Acusado do crime disse na portaria do condomínio que iria à casa do hoje presidente. MPRJ pede orientação do STF sobre condução do processo

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Casa de Ronnie Lessa, suspeito de assassinar Marielle
1 de 1 Casa de Ronnie Lessa, suspeito de assassinar Marielle - Foto: Imagem cedida ao Metrópoles

Um fato novo em torno da morte da vereadora carioca Marielle Franco poderá levar as investigações sobre o crime para o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira (29/10/2019), a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio, onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o policial militar Ronnie Lessa – preso como o matador de Marielle e do motorista Anderson Gomes –têm casas.

No dia do crime, em 14 março de 2018, um dos envolvidos no caso, o ex-policial militar Élcio Queiroz, teria anunciado na portaria do condomínio que iria à casa 58, de propriedade de Bolsonaro. A informação foi obtida pela polícia em depoimento de um dos porteiros do condomínio. O funcionário foi além: contou ter ligado pelo interfone para a casa 58 para comunicar a entrada do visitante, e teria sido atendido por alguém cuja voz ele identificou como sendo “do seu Jair”. Queiroz, entretanto, foi à casa 66, do PM reformado Ronnie Lessa.

O trajeto do carro teria sido acompanhado pelas câmeras de segurança pelo porteiro, que afirmou no depoimento ter prontamente ligado de novo à casa 58 para perguntar sobre o visitante e novamente sido atendido por “seu Jair”. O homem da casa 58 teria dito então que “sabia” onde o homem iria.

A citação ao nome de Bolsonaro, que acabaria eleito presidente da República em outubro de 2018, é que levanta a hipótese de que o caso das execuções da vereadora do PSol e do motorista tenha que ser avaliado pelo STF, pois envolveria alguém com prerrogativa de foro privilegiado.

Segundo registros biométricos da Câmara dos Deputados, entretanto, o então deputado federal Jair Bolsonaro estava em Brasília, participando de votações devidamente registradas e até com vídeos publicados em redes sociais. A informação contradiz diretamente o relato do porteiro sobre quem ele identifica como a pessoa que respondeu aos contatos via interfone no dia do crime.

A contradição fez o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, classificar o aparecimento do nome do presidente no caso como mentiroso.

“Jair Bolsonaro, no dia 14 de março de 2018, encontrava-se na Câmara dos Deputados em Brasília. [O depoimento] É uma mentira, uma fraude, uma farsa para atacar a imagem de Jair Bolsonaro”, indignou-se Wassef.

Toffoli consultado
Segundo a reportagem do JN, representantes do Ministério Público do Rio de Janeiro, que conduzem o processo sobre o crime, viajaram a Brasília no último dia 17 de outubro para consultar o presidente do STF, Dias Toffoli, sobre se as investigações poderiam continuar no Rio, considerando-se o surgimento do nome de Bolsonaro na apuração policial.

O ministro não teria respondido até agora aos promotores fluminenses.

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