Avô de Ágatha: “As armas que ela gostava de usar eram lápis e caderno”
Menina de oito anos foi morta após ser atingida nas costas por tiro de fuzil no Complexo do Alemão (RJ)
atualizado
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A menina Ágatha Félix, 8 anos, foi enterrada por volta das 16h desse domingo (22/09/2019) sob forte comoção. A cerimônia ocorreu no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e contou com vários atos simbólicos. As informações são do jornal Extra.
Durante o sepultamento, o avô de Ágatha, Airton Félix, se manifestou mais uma vez. Ele tem se revoltado contra o Estado por conta da morte da neta. O homem ressaltou que a menina era estudiosa e tinha um futuro brilhante a frente.
“Sabe qual era a arma que tinha dentro da mochila da minha neta?”, questiona o avô, para logo em seguida responder, sem hesitar. “Lápis, caderno, apontador, livro”, destacou.
“Tinha um simulado que ela fez nessa semana e tirou 7! Essas eram as armas que a Ágatha gostava de usar. Ela tinha um futuro, ia crescer e entrar na faculdade. Mas o Estado não quer isso. E se continuar dessa forma, o que vai acontecer?”, desabafou Airton.
Ágatha foi morta ao ser baleada nas costas na noite da última sexta-feira (20/09/2019). A menina estava em uma kombi com a família no Complexo do Alemão. A Polícia Militar diz que agentes trocaram tiros com bandidos. Por outro lado, os moradores afirmam que policiais atiraram em homens em uma moto e acertaram a criança.
O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), não se pronunciou até o momento sobre a morte da menina Ágatha. O chefe de Estado tem promovido uma polícia mais ativa, dando maior liberdade para que os policiais atirem.
Os policiais que participaram da ação na noite de sexta vão prestar depoimento nesta segunda-feira (23/09/2019), além de entregar as armas.