Alunos dizem que casos de homofobia são frequentes na UFRJ
No banheiro da Escola de Comunicação, no campus da Praia Vermelha, na zona sul, foi feita uma pichação com a inscrição “Morte aos gays da UFRJ”
atualizado
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Alunos e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em cujo câmpus da Ilha do Fundão, na zona norte da capital fluminense, foi assassinado o estudante Diego Vieira Machado, no sábado (2/7), relatam episódios de homofobia recorrentes em suas dependências.
No banheiro da Escola de Comunicação, no câmpus da Praia Vermelha, na zona sul, foi feita uma pichação com a inscrição “Morte aos gays da UFRJ”. Em outro banheiro, no Centro Técnico da Engenharia, no Fundão, foi escrito “Só tem viado (sic) nessa p…”.“Não podemos naturalizar esse discurso de ódio. É um corpo negro e gay abatido no chão. É um sinal da onda de conservadorismo na universidade, que acaba não só com a nossa liberdade, mas com a nossa vida”, disse o aluno de Engenharia Brenner Oliveira, de 24 anos, do Diretório Central dos Estudantes, que está organizando um ato para a próxima quinta-feira (7), em memória do colega vitimado.
O reitor da UFRJ, Roberto Lehrer, classificou o crime de “bárbaro e perverso”. “Essas formas de expressão homofóbicas são inadmissíveis. Somos um espaço civilizatório e não podemos aceitar qualquer forma de intolerância que diga respeito a racismo e homofobia”, afirmou.
Ele citou uma mensagem de teor ameaçador contra gays que teria Diego Vieira Machado como alvo. O e-mail, que teria sido enviado de dentro da universidade, circula há dois meses e está sendo investigado pela Polícia Federal. O reitor disse que já se sabe que ele partiu de um computador do Canadá.
Lehrer preside uma sessão plenária que trata do assunto. A reunião, entre decanos, já estava marcada e conta com a participação de estudantes.
Eleonora Ziller, diretora da faculdade de Letras, onde o aluno morto estudava, disse que o fato de ele ser um ativista dos direitos das pessoas LGBT torna o crime ainda mais grave. “Se é assim que vamos lidar com a diversidade na UFRJ, é melhor fecharmos as portas.”
Ela citou também outros casos de violência no Fundão, como o estupro de uma caloura, que não teve coragem de denunciar o crime à polícia. “Quantos mais não se denunciaram por medo?”
O rapaz morava no alojamento do Fundão, por ser do Pará. Ele tinha 24 anos e foi encontrado morto às margens da Baía de Guanabara, com marcas de escapamento e sem as calças. Todos os indícios levam a crer que o assassino foi movido por ódio a homossexuais.