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Polícia abre inquérito contra João de Deus por porte ilegal de arma

Durante ação policial na casa do médium, foram encontrados artefatos sem registro. Um deles, com numeração raspada

atualizado

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joao de deus
1 de 1 joao de deus - Foto: IGO ESTRELA/METRÓPOLES

Enviadas especiais a Goiânia (GO) – A Polícia Civil de Goiás (PCGO) abriu, nesta quinta-feira (20/12), um novo inquérito contra João Teixeira de Faria, o João de Deus, já indiciado por violência sexual mediante fraude. Desta vez, o líder espiritual será investigado por posse ilegal de arma.

Armamentos e munições foram encontrados durante uma operação de busca na residência do médium, na terça-feira (18). Os policiais acharam um revólver calibre .38, dois calibre .32, uma pistola .380, uma garrucha e um simulacro; além de R$ 400 mil em espécie. Parte do dinheiro estava escondida no fundo falso de um armário.

A princípio, segundo a polícia, as armas não possuem registro. A garrucha tinha a numeração raspada, dificultando a identificação. Todo o material foi levado para a perícia e está em processo de análise.

“Não sabemos o motivo de ele manter esse armamento e essa quantia em dinheiro em sua residência”, disse o delegado-geral da PCGO, André Fernandes. A pena para posse irregular de arma de fogo é de 1 a 3 anos de detenção, além de multa.

 

Abuso sexual
Também nesta quinta-feira (20) João de Deus foi indiciado por violência sexual mediante fraude. O inquérito foi baseado no depoimento de uma mulher de aproximadamente 40 anos que teria sido abusada pelo líder espiritual em outubro deste ano na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde ele atendia.

Segundo o delegado Valdemir Pereira da Silva, mais conhecido como Doutor Branco, titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), existem provas robustas contra o médium, que podem levá-lo a cumprir pena de 2 a 6 anos de prisão.

“Acreditamos que há provas suficientes para uma condenação. O depoimento da vítima foi contundente”, disse. Ele contou que, na quarta (19), a mulher foi levada ao centro em Abadiânia e contou em detalhes o que teria ocorrido na sala de atendimento.

Relatou que, quando notou o pênis dele para fora da calça, ele teria interrompido o “tratamento”. Em seguida, teria pedido que ela não contasse sobre o atendimento a ninguém e a presenteou com dois quadros e uma pedra. “A vítima está assustada, ansiosa e com medo”, explicou o delegado pouco antes de entregar o inquérito no Fórum de Abadiânia.

Até o momento, 16 vítimas foram ouvidas pela polícia. O Ministério Público de Goiás já recebeu 506 e-mails com denúncias de abuso sexual contra o médium. De acordo com a polícia, esse pode ser único inquérito,  já que os demais relatos de abuso são antigos e podem ter prescrito.

As denúncias contra ele vieram à tona no último dia 8, no programa Conversa do Bial, da TV Globo. João de Deus foi preso no domingo (16) e aguarda julgamento no Complexo Prisional da Aparecida de Goiânia. Ele nega todas as acusações.

Doutor Branco informou ainda que abriu novo inquérito contra João de Deus, por posse ilegal de armas. A polícia encontrou cinco armas na casa do líder espiritual e R$ 400 mil em espécie. A defesa do médium entrou com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta.

Modus Operandi
De acordo com a delegada Karla Fernandes, também da Deic, os depoimentos colhidos demonstram o modus operandi do líder religioso. O padrão seria de mulheres com 30 anos a menos do que a idade do médium. Quando João de Deus tinha 50 anos, ele teria cometido abusos contra adolescentes. Nos episódios mais recentes, já septuagenário, os alvos teriam por volta de 40 anos.

Na maioria dos casos relatados, as mulheres buscaram o médium porque elas tinham dificuldades para engravidar ou estavam passando por problemas de relacionamento conjugal. “Eram pessoas vulneráveis. Inicialmente, não percebiam que eram abusadas, só depois que caía a ficha”, conta a delegada.

No depoimento de João de Deus, Karla Fernandes disse ter percebido um homem persuasivo, que mostra ter um controle muito grande da fala e equilíbrio emocional. Segundo a investigadora, o acusado não demonstrou alteração, exceto quando foi confrontado sobre a vítima mais recente. “Ele teve reação mais forte e depois disse que ela era uma pessoa complicada e não tinha credibilidade.”

“As vítimas têm que comparecer para narrar de forma personalíssima. Antes, muitas sentiam temor de falar porque a maioria não teve apoio da família”, disse a coordenadora da força-tarefa.

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