PMs são presos suspeitos de forjar morte de soldado da FAB em Goiás
Policiais alegaram que atiraram contra rapaz, durante confronto, para revidar tiro e depois de ele ter furado blitz. Vídeo contrapõe versão
atualizado
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Goiânia – Três policiais militares lotados no Comando de Policiamento Especializado de Anápolis (CPE) foram presos temporariamente suspeitos de forjarem um confronto que terminou com a morte de um soldado da Força Aérea Brasileira (FAB) no início deste mês em Anápolis, que fica 55 km de Goiânia.
O caso ocorreu no dia 4 de março deste ano. Segundo os policiais, Guilherme estava em uma moto sem placa, não teria autorização para pilotá-la e teria acelerado o veículo ao ser abordado. Ainda de acordo com os militares, a perseguição durou quase 5 km.
No registro da ocorrência, os policiais informaram que o soldado teria jogado a moto em cima dos veículos da polícia e atirado contra eles.
No entanto, um vídeo gravado por uma pessoa que passava no momento em que o soldado FAB Guilherme Souza Costa, de 19 anos, foi abordado pelo trio, contrapõe a versão dos PMs.
As imagens mostram que o jovem teria sido ferido com um tiro, disparado pelos militares, quando já estava rendido.
Veja o vídeo:
Contradição
O que o vídeo mostra, vai em direção diferente do que alegaram os PMs. Segundo eles, o soldado da FAB, que estava em uma motocicleta, teria sido baleado após fugir de uma blitz e atirar contra as equipes. As imagens mostram que a vítima já havia parado a moto, colocado as mãos na cabeça e obedecido a ordem para que deitasse no chão, quando foi atingido.
Os policiais chegaram a apresentar um revólver que teria sido apreendido com o jovem, mas, ao portal Mais Goiás, a família da vítima informou que Guilherme não andava armado. Ainda de acordo com amigos e familiares, o jovem teria fugido da blitz por não ser habilitado.
Guilherme chegou a ser a ser levado, em estado grave, para o Hospital de Urgências de Anápolis (Huana), mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Prisão temporária
A prisão dos policiais foi solicitada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e decretada pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Anápolis. Os três, um sargento, um cabo e um soldado da Polícia Militar de Goiás (PMGO) trabalham na Companhia de Policiamento Especializado (CPE), tropa de elite da corporação.
Segundo o MPGO, a prisão temporária dos policias foi confirmada, mas a denúncia ainda não foi feita à Justiça, pois o inquérito está em andamento.
A prisão dos policiais militares foi acompanhada por três oficiais da corporação e pelo titular do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Anápolis, delegado Wllissis Valentin. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos nas residências dos militares, que estão detidos no Presídio Militar, em Goiânia. A Corregedoria da PM acompanha o caso.
O Metrópoles entrou em contato com a Polícia Civil de Goiás, que também investigará a morte do soldado da Aeronáutica. No entanto, a assessoria de imprensa da corporação afirmou que só serão feitos pronunciamentos sobre o caso quando ele for concluído.
A assessoria de comunicação da PM informou apenas que os policiais do CPE de Anápolis encontram-se à disposição do Poder Judiciário.
Aeronáutica
Guilherme era soldado da Aeronáutica e estava na base Militar de Anápolis havia dois anos. Em nota, a FAB lamentou a morte do rapaz, prestou condolências à família e informou que a arma encontrada com ele não pertencia à Ala 2 da Base Aérea da cidade. Investigações para esclarecer o ocorrido estão em andamento e a FAB informou que está colaborando com a apuração.
Esse é o segundo caso envolvendo militares armados em situações fora do trabalho em Goiás, nas últimas semanas. Um médico do Exército foi gravado durante uma briga de trânsito em Goiânia, no dia 21 de fevereiro, dando tiros para o alto.
Pablo Paolo Bollauf tirou a arma da cintura e fez os disparos para intimidar o motorista com quem ele discutia. A mulher que estava no banco do passageiro filmou tudo. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o fato e o Exército, em nota, confirmou a identidade do médico e abriu procedimento administrativo.