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PMs são indiciados pela morte de 4 pessoas na Chapada dos Veadeiros

Policiais militares foram indiciados por homicídio qualificado e fraude processual nas mortes de 4 homens em Cavalcante no dia 20 de janeiro

atualizado

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1 de 1 manifestação chapada veadeiros pm mortos goias - Foto: @viladesaojorgechapadaveadeiros

Goiânia – A Polícia Civil de Goiás (PCGO) indiciou pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual sete policiais militares por envolvimento na morte de quatro homens na região da Chapada dos Veadeiros. As mortes ocorreram em 20 de janeiro deste ano em uma chácara no município de Cavalcante sob a suspeita de tráfico de drogas.

Os policiais alegaram à época que os homens estariam em uma plantação com mais de 500 pés de maconha e que resistiram à chegada dos militares. Nenhuma das vítimas tinha antecedentes criminais e os PMs dispararam 58 vezes contra o grupo.

Presos por determinação da Justiça desde 25 de fevereiro, foram indiciados os seguintes policiais: sargento Aguimar Prado de Morais, sargento Mivaldo José Toledo, cabo Jean Roberto Carneiro dos Santos, soldado Welborney Kristiano Lopes dos Santos, cabo Luís César Mascarenhas Rodrigues, soldado Eustáquio Henrique do Nascimento e soldado Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida.

Todos os policiais são lotados no 14º Batalhão da PM de Goiás e são suspeitos das mortes de Alan Pereira Soares, de 27 anos, Ozanir Batista da Silva, 46, Antônio Fernandes da Cunha, 35, e Salviano Souza Conceição, 63.

O inquérito foi concluído na semana passada pela delegada da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), Caroline Matos.

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Chico é um dos mortos em ação da PM em plantação de maconha
Moradores pedem por justiça após mortes pela PM na Chapada
"Chacina na chapada", diz faixa em manifestação na Vila de São Jorge
"São Jorge pede justiça! Por que mataram inocentes", diz faixa em protesto
Familiar de uma das vítimas mortas pela PM participou de protesto
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Niro e Chico morreram em ação policial na região da Chapada

Diego Baravelli/@DudaSegredo
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Chico é um dos mortos em ação da PM em plantação de maconha

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Moradores pedem por justiça após mortes pela PM na Chapada

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Familiar de uma das vítimas mortas pela PM participou de protesto

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Mulher ergue placa pedindo justiça após mortes na Chapada

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Policiais disseram que apreenderam folhas secas e maconha prensada

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Suposta plantação de maconha foi queimada

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Prisão preventiva

No pedido de prisão preventiva dos policiais militares, o Ministério Público de Goiás (MPGO) afirmou que as medidas cautelares diversas da prisão não são suficientes para resguardar a ordem pública nem garantir a normal instrução criminal no caso.

Conforme o órgão, a narrativa dos fatos, apresentada pelos policiais no registro de atendimento integrado (RAI), não encontra amparo nas provas documentais, periciais e testemunhais que estão no inquérito policial (IP).

A versão dos PMs é de que foram até o local do crime para apurar suposta denúncia de tráfico de drogas e que encontraram grande quantidade de pés de maconha.

Além disso, alegaram que sete pessoas que lá estavam não obedeceram aos comandos de rendição e efetuaram disparos de arma de fogo. Os policiais teriam revidado, o que provocou a morte de quatro pessoas, enquanto outras três conseguiram fugir.

Inconsistências

O inquérito apontou que os policiais militares informaram ter efetuado 58 disparos. Perícia realizada pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica encontrou apenas cinco estojos de munição no local.

Na área onde ocorreu a ação, de 4 metros quadrados, foram achadas 11 espécies de plantas, das quais apenas quatro eram de maconha.

Os policiais alegaram que parte dos pés foram incinerados no local antes da chegada da Polícia Civil, o que foge da normalidade de uma ocorrência do tipo. A princípio, quem faz a incineração da droga, conforme a lei, é o delegado responsável pelo caso.

Na manifestação do MPGO, foi ressaltado que, conforme apurado em investigação própria, testemunhas foram procuradas por alguns dos militares envolvidos em nítida tentativa de intimidação e ameaça.

O MP entendeu que essa prática caracterizaria a necessidade da prisão preventiva para garantir a normal instrução criminal, bem como para resguardar a integridade física e psicológica das testemunhas.

Identidade das vítimas

Dos quatro mortos na operação policial na Chapada, dois eram da vila São Jorge, um de uma comunidade quilombola kalunga e um de Colinas do Sul. Nenhum deles tinha antecedentes criminais.

Alan Pereira Soares morava em Colinas. Tinha uma namorada, que foi uma das testemunhas da ação da polícia e estava grávida. Ela conseguiu fugir do local. Alan teria tido uma desavença com um dos policiais que participaram da operação, segundo amigos.

Antônio da Cunha dos Santos era de uma comunidade quilombola. Ele era conhecido como Chico. Gostava de jardinagem e conhecia plantas medicinais.

Ozanir Batista da Silva era de uma família pioneira em São Jorge. Era conhecido como Niro ou Jacaré. Costumava fazer pequenos bicos e já teria tido problemas com álcool. Ele e Chico seriam vizinhos da fazenda com a plantação de maconha.

Salviano Souza Conceição é o mais velho entre os mortos na ação policial. Era muito conhecido por moradores de São Jorge, de onde era. Tinha o comportamento pacato e tranquilo, segundo amigos.

Manifestações

Familiares e amigos das vítimas cobraram providências e afirmam que a ação policial promoveu uma verdadeira chacina e que os mortos não tiveram sequer chance de defesa.

Em 23/1, moradores de São Jorge fizeram uma passeata exigindo apuração do caso. O clima era de revolta (veja vídeo abaixo).

“Matou porque quis”

Uma testemunha da operação policial relatou em áudio que não houve reação por parte das vítimas no momento da abordagem. Os homens teriam sido rendidos, inclusive, antes de serem assassinados.

A esposa de uma das vítimas, que está grávida, estava na fazenda no momento da operação policial e contou o que presenciou.

“Falaram para os meninos deitar. Os meninos deitaram. Falaram que os meninos correram para o mato, mas os meninos não correram. Em momento algum os meninos reagiram. Até porque nem arma eles tinham. As armas todas, você sabe que foram plantadas. Já estavam com os meninos todos praticamente presos. Eles mataram porque quiseram, não porque os meninos reagiram. Em momento algum eles reagiram”, afirmou a testemunha em áudio ao qual o Metrópoles teve acesso.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos policiais indiciados.

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