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PMs que abordaram jovens estrangeiros não usavam câmeras corporais

Os PMs foram acusados de racismo durante abordagem a adolescentes negros em Ipanema, no Rio. Ausência de câmeras deve ser investigada

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1 de 1 imagem colorida abordagem PMs filhos diplomatas rj - Foto: Reprodução

Os PMs acusados de racismo em razão de uma abordagem a adolescentes estrangeiros negros em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, não usavam câmeras corporais no momento da ação. De acordo com a Polícia Militar, a utilização do equipamento é obrigatória e a ausência será investigada.

A não utilização é considerada pela Corregedoria-Geral uma falta grave.

No dia da denúncia, a PM informou que os agentes utilizavam os aparelhos e que as imagens seriam analisadas para consultar se houve algum excesso.

Porém, segundo a delegada responsável pela investigação do caso, da Delegacia Especial de Apoio do Turismo (Deat), Danielle Bulus, os militares não estavam com as câmeras em suas fardas.

A PM ainda ressaltou que a investigação segue em andamento e que a Corregedoria também abriu procedimento para investigar o caso.

“A Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM) não compactua com desvios por parte de seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos. A Polícia Militar segue colaborando integralmente com a investigação realizada pela Polícia Civil”, informou a corporação em por meio de nota.

Equipe de PMs buscava suspeitos de assalto

O agente Sérgio Regattieri Fernandes Marinho, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Vidigal, um dos policiais que esteve na Deat para prestar depoimento nessa quinta-feira (11/7), disse que estava em busca de suspeitos de assaltarem turistas na região e que os jovens abordados tinham características semelhantes aos supostos criminosos.

Durante sua oitiva, o PM disse que recebeu uma denúncia de uma estrangeira dizendo que um assaltante havia roubado seu cordão. O fato foi presenciado por uma testemunha, que relatou ao policial que os suspeitos estavam em um grupo, incluindo jovens negros.

Com a informação, Marinho e o segundo agente, que dirigia a viatura, foram em busca dos suspeitos. Ao chegarem na Rua Prudente de Morais, em Ipanema, os policiais encontraram o grupo de adolescentes e realizaram a abordagem, considerada racista pela mãe de um deles.

O outro PM, que também esteve na Deat nessa quinta-feira, solicitou remarcação da oitiva. Ainda não há uma data marcada para o depoimento.

A Deat, com apoio da Delegacia de de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), investiga se houve racismo durante a abordagem. Dois adolescentes, filhos de diplomatas do Gabão e de Burkina Faso, também prestaram depoimento nesta quinta.

Relembre o caso

A abordagem policial em questão aconteceu no dia 3 de julho. A investigação do caso começou depois da divulgação das imagens de uma câmera de segurança de um prédio na Rua Prudente de Morais, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, que mostram o tratamento dos policiais com os jovens.

No registro, é possível ver os dois policiais saindo do carro com armas em punho apontadas para os adolescentes.

Veja o vídeo:

 

O grupo de adolescentes era composto por quatro jovens, entre 13 e 14 anos, apenas um deles não era negro. Os jovens haviam chegado no prédio para deixa um deles. Ao chegarem ao local, foram abordados pelos policiais de forma truculenta.

Logo quando os agentes chegaram eles iniciaram a abordagem e mandaram os jovens encostarem as mãos na parede. Os jovens são filhos de diplomatas e só foram liberados após o garoto branco dizer que os demais eram estrangeiros e que estavam no Rio a turismo.

“Uma viagem de férias, planejada há meses por quatro amigos. Com destino ao Rio, quatro adolescentes de 13 e 14 anos, acompanhados dos avós de um deles, experienciaram a pior forma de violência. Voltando para casa em Ipanema, foram deixar uma amigo na porta de casa quando foram abruptamente abordados por policiais militares armados e, sem perguntar nada, encostaram os meninos no muro do condomínio. Três, dos quatro adolescentes, são negros. Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados e obrigados a tirar os casacos”, disse a mãe de um deles por meio das redes sociais.

O Itamaraty pediu desculpas formais aos pais dos adolescentes estrangeiros na última sexta-feira (5/7). O Ministério das Relações Exteriores ainda anunciou que ia acionar o Estado do Rio de Janeiro, solicitando apuração rigorosa e responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem.

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