PM vai a plenária feminina do PSol em SP para “monitorar” os presentes
Corporação admite que policiais militares estiveram no encontro deste sábado para “questionar os presentes” se fariam ato em vias públicas
atualizado
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Mulheres integrantes do Psol foram surpreendidas, na manhã deste sábado (03/08/2019), com o aparecimento da Polícia Militar (PM) durante plenária feminina do partido, em São Paulo. De acordo com o Twitter do partido, eles teriam pedido documentos para “monitorar” os presentes.
O evento é um ato preparatório ao Encontro Nacional de Mulheres, que ocorre anualmente e elege o setorial de mulheres do partido. “Evento político de caráter reservado às filiadas do PSOL, totalmente amparado pelo direito à livre organização partidária”, disse o presidente do Psol, Juliano Medeiros, pela rede social.
Absurdo! Polícia Militar acaba de entrar entrar em plenária do encontro de mulheres do PSOL em São Paulo, pedindo documentos e dizendo estar “monitorando presentes”. Até onde vai a sanha autoritária? pic.twitter.com/gwTU8b6M2R
— PSOL 50 (@psol50) 3 de agosto de 2019
O líder da legenda classificou o ato como “gravíssimo” e alertou que vai cobrar um posicionamento do governador do estado, João Doria (PSDB-SP). “Um grave atentado às liberdades democráticas”, avaliou Medeiros.
Ele continuou a postagem ao afirmar que o período ditatorial está encerrado e, por isso, o ato não poderia ser coibido. “Não estamos mais na Ditadura Militar, quando o direito de reunião podia ser coibido. Vamos acionar todas as autoridades contra esse absurdo. Chega!”, completou. Nos posts, o presidente psolista usou a hashtag #DitaduraNuncaMais.
Não há qualquer justificativa para que a PM “monitore” um evento partidário. Esse gesto de intimidação é inaceitável. Não estamos mais na Ditadura Militar, quando o direito de reunião podia ser coibido. Vamos acionar todas as autoridades contra esse absurdo. Chega!
— Juliano Medeiros (@julianopsol50) 3 de agosto de 2019
Apesar do comparecimento da polícia, o encontro ocorreu normalmente. Em nota, a PM de São Paulo assumiu que estava monitorando o local “para averiguar se os integrantes da legenda iriam sair em manifestação pelas vias da cidade”. A assessoria do órgão explicou que os patrulheiros foram ao local para verificar a concentração de pessoas e se interessaram pela possibilidade de protestos para prover a “segurança do evento”. Ao perceber que se tratava de uma reunião interna, os militares deixaram o local.
Um ato parecido ocorreu na terça-feira (23/07/2019), na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam, durante reunião de movimentos sociais que organizam protesto pela visita do presidente Jair Bolsonaro(PSL), marcada para quinta-feira (24/07/2019). Os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram ao local armados e questionaram alguns participantes sobre o protesto. Segundo relatos, os policiais se apresentaram como enviados pelo Exército. Após 30 minutos, o trio deixou a casa em uma viatura da PRF.
Confira a nota na íntegra:
A Polícia Militar esclarece que os patrulheiros, que faziam o policiamento na região, foram ao local para verificar concentração de pessoas que se iniciava. Ao tomar ciência de que eram cidadãos ligados a partido político e em reunião para realização de plenária, questionaram se as pessoas, após as discussões, iriam sair em ato democrático, que pudessem tomar vias públicas. Tudo visando às providências da Polícia Militar para a segurança do evento. Como os presentes disseram que o evento se consistia em reunião interna, os patrulheiros deixaram o local.