PM que espancou homem no Carrefour não tem treinamento policial
Segundo a Brigada Militar do RS, agentes temporários, com contratos de emergência, exercem apenas atividades administrativas e de guarda
atualizado
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O policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva, um dos seguranças que espancou até a morte um homem negro no hipermercado Carrefour em Porto Alegre (RS), não tem treinamento policial e será afastado.
A informação foi dada pelo coronel Rodrigo Mohr Picon, comandante-geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (20/11).
Giovane Gaspar da Silva é lotado no Departamento de Comando e Controle Integrado da Secretaria de Segurança Pública. Ele também trabalhava na empresa de segurança que atende a unidade do Carrefour no bairro Passo D’Areia, onde o crime ocorreu. De acordo com o coronel da Brigada, PMs temporários não têm autorização para trabalhar em outras empresas.
“O próprio crime já nos habilita a tomar as medidas necessárias de exclusão desse PM temporário. Ele pode ser demitido a qualquer momento por meio de um processo administrativo. O processo é bastante sumário, hoje nós já devemos fazer a modificação. Ele teria três dias úteis para fazer sua defesa, então, até a semana que vem, ele deve ser removido”, informou o coronel Picon.
Segundo Picon, os policiais militares temporários atuam apenas em funções internas, substituindo profissionais da reserva em atividades administrativas, de guarda e videomonitoramento. Portanto, não têm treinamento policial.
“O PM temporário não pode nem andar fardado na rua, porque não tem treinamento de policial, trabalha apenas em atividades internas”, explicou o coronel.
Brutalidade
Para o coronel Rodrigo Picon, a ação dos seguranças foi desnecessária, pois o homem já havia sido retirado da loja. “Se ele causou algum problema, o segurança deveria apenas chamar a Brigada Militar ou deixá-lo fora [do estabelecimento]. Passou um pouco disso. Já tinha sido resolvido na medida em que ele estava na rua”, afirma.
Em nota, Brigada Militar afirmou que foi ao local do crime “imediatamente” após ter sido acionada e prendeu os dois envolvidos no assassinato. A instituição disse que repudia atos de violência, discriminação e racismo. Veja:
“O PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos.
A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral.”