PM é demitido e investigado após criticar Renan e apoiar Bolsonaro
O tenente-coronel Marcos Vanderlei foi exonerado do cargo de subcomandante de policiamento e é investigado pela Polícia Militar de Alagoas
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Militar de Alagoas exonerou o tenente-coronel Marcos Vanderlei do cargo de subcomandante de policiamento da capital e abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) contra o coronel. As medidas foram tomadas depois de supostas críticas do militar ao governador Renan Filho (MDB).
Vanderlei afirma que sua exoneração foi informada por Wellington Bitencourt, comandante da PM. Bitencourt teria justificado a saída do coronel como um pedido da cúpula do governo estadual devido às críticas feitas à gestão do estado e ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), somado ao fato de ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A exoneração do PM ocorreu no dia 4 deste mês. Já o inquérito para investigar a conduta de Marcos Vanderlei foi aberto no dia 10.
A PM do estado afirmou, em nota, que a apuração foi aberta “visando apuração de possível cometimento de crimes militares contra o Chefe do Poder Executivo Estadual”. Entretanto, a nota não faz nenhuma menção ao motivo da saída de Vanderlei do cargo no CPC.
O texto também fala que a hierarquia e a disciplina são a base institucional da Polícia Militar de Alagoas. Além disso, declarou que “a Corporação está subordinada administrativa e operacionalmente ao Governador do Estado, segundo legislação em vigor e conforme prevê a Constituição Federal”.
A PM negou a existência de qualquer tipo de perseguição contra o militar e afirmou que o IPM foi instaurado por uma determinação técnica, a partir de uma obrigação legal. Sendo assim, de acordo com eles, não há “margem para qualquer ilação ou insinuação de motivação política na prática desse ato administrativo”.
Procurado pelo portal UOL, o tenente-coronel Marcos Vanderlei declarou que está buscando um advogado para sua defesa no inquérito e que não poderia falar sobre o caso.
Entretanto, em nota compartilhada nas redes sociais, ele alegou que sua exoneração teria sido provocada pelas críticas feitas a Renan Filho e ao pai do governador do estado, o senador Renan Calheiros, além do fato de ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro.
Mais um caso
O militar já havia sido investigado no estado por uma suposta manifestação política. Camila Paiva, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros de Alagoas, também está sendo investigada, após ter se vacinado com um cartaz escrito “fora, Bolsonaro”e participado de um ato contra o presidente no dia 29 do último mês.
Marcos Vanderlei, entretanto, já declarou ser fã do presidente, com quem posou para fotos em visita à capital do estado no dia 13 de maio.
Nesta visita, Bolsonaro chamou Renan Calheiros de “picareta” e “vagabundo”. O filho do senador, Renan Filho, não participou do evento e, procurado pelo portal UOL, informou que não irá se pronunciar sobre a situação.
A Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal) afirmou, em nota, que o comando da PM e o militar não oficiaram o caso à entidade. Mas registraram que, como militar, “há postura e deveres diferenciados diante do Regulamento que o rege”.
“Movimentação funcional faz parte do cotidiano castrense e cabe a Instituição Militar falar sobre tal. O fato em evidência merece atenção dos gestores das Corporações para devido esclarecimento e resolução cabível”, disse a entidade.