PM contém manifestantes contra e a favor de tornar homofobia crime
No momento em que a sessão no STF foi adiada, apoiadores da causa LGBT e defensores “dos valores da família” bateram boca em frente à Corte
atualizado
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Após mais um dia de julgamento sobre a criminalização da homofobia no Brasil, opositores e militantes da causa LGBT se estranharam do lado de fora do Supremo Tribunal Federal (STF). Os grupos, que estavam separados, invadiriam os espaços um do outro, levando a Polícia Militar a usar spray de pimenta para dispersar os manifestantes mais exaltados. A sessão da Corte foi suspensa após o ministro Celso de Mello proferir seu voto pela equiparação da homofobia a crimes de racismo.
Veja imagens dos grupos que se manifestavam diante do STF:
Pessoas contra a criminalização vestiam blusas do Brasil e máscaras do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. O grupo também carregava cartazes com a frase “meninas vestem rosa e meninos vestem azul”, dita pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
“Racismo não é gayzismo, não podemos confundir uma coisa com a outra”, disse um dos integrantes do Movimento Brasil, Norival Jesus. “Imagina se um dia uma pessoa do mesmo sexo que você quer te beijar mas, como você é hétero, você diz não. Só por você não querer essa pessoa vai te chamar de racista. E você apenas não quis ficar com um gay”, completou. Norival estava acompanhado da esposa e de amigos, todos contra a criminalização da homofobia.
Para o militante, o ação de legislar sobre o tema é da Câmara e do Senado, não devendo o STF se envolver. “Isso é uma aberração de alguns ministros que aqui estão”, explicou. Segundo Norival, a criminalização da homofobia também diz respeito a outras pautas. “São pautas comunistas e socialistas. Nosso país não pode ficar subjacente a pautas alienígenas”, completou, alegando também ser contra o aborto e a “criminalização” do cristianismo.
De outro lado, estavam os militantes LGBTs e de partidos de esquerda, como o PT, pressionando a Corte Suprema para criminalizar a discriminação e violência contra a população homoafetiva. Além de cartazes em apoio à aprovação da medida, alguns carregavam cartazes pedindo a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato.
Entre os apoiadores da criminalização da homofobia estava o professor de história Israel Marcus. Ele diz que não faz parte de nenhum partido ou grupo político, mas defende “questões humanas”. “Já existem punições contra crimes de ódio e racismo. Nós queremos a proteção dos homossexuais”, cobrou.
“O objetivo é o combate aos crimes contra homossexuais no Brasil, que é o país que mais mata LGBT no mundo, principalmente os travestis e transexuais. É natural ouvirmos o outro falar que não é contra gays. Mas, se não é, porque querem nos barrar?”, indagou o professor.
Assim que os ministros do STF suspenderam a sessão, contudo, a confusão foi instaurada do lado de fora. Militantes de ambos os lados invadiram o espaço do outro grupo, o que exigiu a intervenção da Polícia Militar para conter brigas. “A esquerdalha não se conforma do Lula estar preso e do Bolsonaro ser presidente. Não temos condições de aturá-los”, disse um militante contra a criminalização.
Os policiais militares que aturaram no local disseram que os avanços não começaram pelo grupo a favor da criminalização da homofobia, mas que os dois lados se enfrentaram ao mesmo tempo. “Viemos aqui conter a confusão antes que fosse tarde demais”, afirmou um dos militares.