Planalto não faz proposta e pede prazo. Caminhoneiros mantêm greve
Governo pediu até 14h desta quinta-feira (24/5) para apresentar solução que ponha fim ao movimento da categoria, que parou o país inteiro
atualizado
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Acabou sem acordo a reunião entre governo e representantes dos caminhoneiros na tarde desta quarta-feira (23/5). O objetivo do encontro, realizado no Palácio do Planalto, era achar uma solução à greve deflagrada pela categoria contra o aumento de combustíveis. O movimento interditou estradas, parou o país e prejudicou o abastecimento e serviços desde as primeiras horas de segunda (21).
Segundo Bueno, a cúpula do governo federal pediu prazo até 14h desta quinta-feira (24) para formular uma proposta melhor à categoria. A eliminação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o preço do óleo diesel anunciada na terça (22) pelo governo seria insuficiente para as reivindicações da classe. O representante informou que a redução do PIS/Cofins incidente sobre o combustível é analisada.“A greve continua. Não houve nenhuma proposta. O governo veio justificar a impossibilidade de atender reivindicações da categoria. Mas sentiu o peso do movimento. Jogamos essa responsabilidade para eles”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Dilmar Bueno. “Eles foram avisados com antecedência. Conseguimos estabelecer condições de caráter permanente. Os ministros vão conversar com o governo para apresentar uma proposta amanhã”, acrescentou.
“O governo precisa conversar. Vamos passar isso para a categoria. Como os caminhoneiros paralisaram de forma espontânea, eles vão avaliar e tomar decisão se liberam ou não [as rodovias]. Pela leitura que temos, a categoria não está disponível a promessas vãs, abertas. Se não houver compromisso real, a categoria não desmobiliza por causa dessa reunião de hoje”, acrescentou Bueno.
Participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria de Governo, Carlos Marun; de Transportes, Valter Casimiro; e o substituto do Gabinete de Segurança Institucional, general Freire Gomes. Havia 10 entidades de caminhoneiros presentes, entre elas, a Confederação Nacional dos Transportes Autônomos (CNTA), a Confederação Nacional dos Transportes e a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam).
Trégua
Na tarde desta quarta (23), o presidente Michel Temer (MDB) afirmou, durante um evento no Palácio do Planalto, ter solicitado a seus ministros que pedissem, na reunião da tarde com os caminhoneiros, uma trégua de “dois ou três dias” a fim de o governo encontrar “uma solução satisfatória” ao impasse com a classe.
O pedido, contudo, não surtiu o efeito esperado. Pelo menos 22 estados e o Distrito Federal ainda registram paralisações de milhares de motoristas. A gasolina é alvo de sucessivos reajustes de preço desde dezembro de 2017. De lá para cá, o aumento já chegou a um acumulado de 3,85%, segundo a Petrobras.
O protesto continuou mesmo após o anúncio do governo, na noite dessa terça (22), do acordo realizado com o Congresso para eliminar a Cide: um decreto será preparado, mas só começará a valer após senadores e deputados aprovarem a reoneração da folha de pagamento da União.
Já em meio às manifestações, a Petrobras anunciou na segunda (21) reajuste na gasolina e no diesel de 0,9% e 0,97%, respectivamente. Esse é o 11º aumento nos últimos 17 dias para a gasolina e o sétimo consecutivo do diesel. Desde que começou a adotar a política de reajustes diários dos preços dos derivados de petróleo, em 3 de julho do ano passado, a estatal já elevou o valor do diesel em suas refinarias 121 vezes (38 só neste ano), isto é, alta de 56,5%, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Em pouco mais de 10 meses, o litro do produto passou de R$ 1,5006 para R$ 2,3488.
De acordo com a Petrobras, “os combustíveis derivados de petróleo são commodities e têm seus preços atrelados aos mercados internacionais, cujas cotações variam diariamente, para cima e para baixo”. Ao longo de maio, o preço da gasolina subiu 16,07%. O do diesel acumula alta no mês de 12,3%.
Desabastecimento
A paralisação nacional chega ao terceiro dia nesta quarta-feira e compromete serviços como os de aviação, correios, venda de combustíveis automotivos, além dos comércios atacadista e varejista. No Distrito Federal, distribuidoras já estão desabastecidas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), utilizado na cozinha.
A Inframerica, administradora do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, informa que a reserva de Querosene de Aviação (QAV), combustível das aeronaves, é suficiente apenas até o fim desta tarde. Ainda conforme pontuou a concessionária, a frota de caminhões responsável por trazer o QAV para o terminal está retida no Entorno do DF.