Planalto celebra vantagem de Massa no 1º turno da Argentina
Eleições na Argentina serão decididas no 2º turno. Planalto vê com preocupação avanço do direitista Javier Milei, apoiado por Bolsonaro
atualizado
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O resultado do primeiro turno nas eleições da Argentina, com o candidato peronista Sergio Massa à frente do ultraliberal de direita, Javier Milei, foi comemorado pelo Planalto. Uma eventual vitória de Milei é vista com preocupação pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após as duras críticas do argentino ao mandatário brasileiro.
Candidato do atual governo, o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, surpreendeu e terminou o primeiro turno liderando, com 36,5% dos votos. Já o deputado federal de extrema-direita Javier Milei, até então favorito por ter vencido as primárias, ficou em segundo lugar, com 30%. Eles disputarão o segundo turno em 19 de novembro.
Ministros do governo se manifestaram nas redes sociais, momentos após o resultado, e reforçaram apoio a Massa na próxima fase do pleito. Na avaliação do Planalto, o candidato do governo deve ter um segundo turno “apertado” contra o ultraliberal de posições polêmicas: entre elas, dolarizar a economia e romper com os demais países sul-americanos.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou estar “na torcida para que aqueles que desprezam a vida e a democracia sejam derrotados”.
Além dele, o titular da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, parabenizou Massa e defendeu que o resultado mostra “uma forte resposta do povo argentino nas urnas”. Luciana Santos, ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, diz ter “vibrado com a decisão do país” vizinho de “seguir lutando pela democracia e justiça social”.
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“Acompanhamos com interesse”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fez uma avaliação comedida do resultado nesta segunda-feira (23/10). Questionado pela imprensa, o titular da Economia afirmou que o Planalto “acompanha com interesse” o pleito no país vizinho, especialmente, por conta do Mercosul.
Em diversas ocasiões, o candidato Javier Milei defendeu que sairia do bloco caso assumisse o governo, em um posicionamento similar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar de uma ruptura total ser improvável, na visão de analistas, uma eventual vitória do direitista nas urnas pode dificultar o avanço de agendas importantes do grupo sul-americano.
“Não dá para comentar resultado de eleição, até porque tem um segundo turno agora. Nós estamos acompanhando com interesse por causa do Mercosul. O Mercosul é muito importante. A Câmara acaba de aprovar a entrada da Bolívia no Mercosul, tá no Senado agora. Para nós, é importante consolidar uma integração na região. Uma integração regional é muito importante para o Brasil”, declarou Haddad.
Sobre o resultado o primeiro turno, o ministro frisou os impactos da questão para o continente como um todo.
“Eu gosto de pensar em uma América do Sul mais integrada, negociando com a União Europeia de forma mais forte. Nós estamos para negociar um acordo com a União Europeia. Quanto mais integrado nós estivermos, melhor para sentar à mesa com a União Europeia e fazer um bom acordo com a região”.
Ele prosseguiu: “Então, tem implicações muito grandes essa questão da integração, não é uma coisa isolada, ‘cada um cuida de sim’. A gente tem que pensar o todo da região, para ver a forma mais adequada de fazer essa região voltar a se desenvolver. Estamos aí há muitos anos sem se desenvolver.”
Vitória da direita na Argentina não seria risco
Especialistas consultados pelo Metrópoles avaliam que apesar de promessas de rompimento com o governo brasileiro e as críticas a Lula, quem Milei define como um presidente “comunista e furioso”, uma eventual vitória da direita na Argentina não representa risco significativo para a relação entre os dois países.
Eventuais embates no âmbito político, no entanto, podem impedir o avanço de agendas importantes para a política externa brasileira e a recuperação econômica argentina, que tem a gestão de Lula como aliada.