Pinturas e vasos: sítio arqueológico de 3,5 mil anos é achado em Goiás
Local, em Montes Claros (GO), tem vasos, marcas de fogueira, osso de pequeno mamífero e pinturas rupestres com sinais geométricos e cruzes
atualizado
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Goiânia – Um sítio arqueológico de 3,5 mil anos foi encontrado na zona rural de Montes Claros de Goiás, a 270 km da capital goiana, no oeste do estado. Cerâmicas, pinturas rupestres, instrumentos de pedra, sinais de fogueira e ossos de animais já foram identificados.
Batizado de Toca da Anta, o local foi descoberto em 2019 durante o processo de licenciamento ambiental para um empreendimento de cultivo de soja e produção de bioenergia.
A descoberta foi feita pela empresa Sapiens Arqueologia, contratada para a parte arqueológica do licenciamento ambiental.
Datação
Pedaços de carvão que eram de uma fogueira foram enviados para um laboratório nos Estados Unidos, que através de um método de datação pelo elemento carbono-14, conseguiu estimar que o sítio arqueológico era ocupado há 3,5 mil anos.
“Ficamos muito empolgados. Até então, a datação mais antiga na região era por volta de 600 anos”, explicou o arqueólogo do Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, Danilo Curado.
Cruzes e formas
A descoberta de um sítio arqueológico passa por várias etapas. Primeiro é feita a identificação do local, é delimitada a área do sítio e na sequência é feito o chamado resgate de material. Os pesquisadores coletaram 3,2 mil artefatos de pedra e cerâmica, segundo o Iphan.
Segundo Danilo Curado, foram encontradas fogueiras com pedaço de osso de um pequeno mamífero, provavelmente consumido como alimento pelos habitantes da época. A espécie ainda será identificada.
Também foram achados potes de cerâmica, que demonstram quando o homem deixou de ser apenas caçador e coletor, para se tornar sedentário no solo, começando a produzir, plantar e colher, segundo o arqueólogo do Iphan.
Entre os objetos resgatados, há pedras raspadas chamadas de “raspaduras”. São objetos usados para raspar couro de algum bicho e vegetação, por exemplo.
Além disso, chama a atenção a presença de pinturas rupestres no formato de figuras geométricas e cruzes no tom vermelho, que ainda serão interpretadas. “Isso é um padrão quase que mundial. Em quase todo o globo, mais ou menos nessa mesma época, o ser humano agia mais ou menos do mesmo modo”, explicou Danilo sobre os desenhos.
Escavações e trabalho
As escavações da Toca da Anta são de até 2,5 metros de profundidade. A área total do sítio é de 7.640 m². O arqueólogo do Iphan falou para a reportagem sobre a importância desse tipo de preservação.
“Para além de demonstrar um sítio ímpar, em termos de oeste de Goiás, próximo da região do Rio Araguaia, tem a questão também dessa importância de fazer pesquisa arqueológica no âmbito do licenciamento ambiental. Se não tivéssemos cobrado essa pesquisa, certamente perderíamos o sítio de 3,5 mil anos”, afirmou.