Piloto de helicóptero para sequestradores: “Solta! A gente vai morrer”
Adonis Lopes Oliveira, piloto da Polícia Civil, confrontou sequestradores dentro de helicóptero durante voo: “Alertei: a gente vai cair!”
atualizado
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Rio de Janeiro – Piloto de helicóptero e policial civil, Adonis Lopes de Oliveira foi sequestrado no domingo (19/9) dentro da aeronave conduzida por ele em direção a Angra dos Reis.
No caminho, os dois passageiros, armados com pistolas e fuzis, ordenaram que o piloto pousasse no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, para resgatar um comparsa.
“Eles pegaram os comandos, e o sujeito de trás me deu uma gravata. Eu pensei que a aeronave fosse colidir com qualquer comando. O helicóptero é muito sensível. A todo o momento, eu evitava bater. Alertei: ‘A gente vai cair, larga, solta, a gente vai morrer!’. Não sei explicar, eles ficaram muito atônitos”, avaliou o piloto sequestrado.
Já perto na zona oeste, o piloto sequestrado avaliou entre os quartéis do Exército e a Base Aérea de Santa Cruz qual a melhor opção para o pouso. Mas decidiu pelo campo de futebol do 14º BPM (Bangu). No entanto, os criminosos perceberam a ação e iniciaram uma luta dentro da aeronave, que ficou sem comando por um tempo.
Histórico de combate
Adonis é um veterano em operações policiais e se destacou justamente pelo suporte aéreo prestado às equipes em solo. Ele é piloto da Polícia Civil, desde 1988, e foi um dos primeiros condutores na operação de helicópteros blindados.
Em 2012, pilotava o helicóptero que participou da caçada ao traficante Márcio José Sabino Pereira, de 37 anos, o Matemático, morto com tiros disparados da aeronave e que atingiram o carro que ocupava, na Comunidade da Coreia, Senador Camará, na zona oeste.
Fugas em helicópteros
Em 2014, a Polícia Civil do Rio prendeu Daniel Francisco da Silva, conhecido como Dani do Jacarezinho, apontado como ex-chefe do tráfico da comunidade do Jacarezinho, na zona norte da cidade, e também mandante do resgate do traficante conhecido como Meio Quilo, em 1988. Na época, um piloto de helicóptero foi feito refém para garantir a fuga do Complexo Penitenciário da Frei Caneca.
A fuga, no entanto, foi frustrada por uma ventania que derrubou a aeronave, matando Meio Quilo. Silva foi preso no mesmo ano e permaneceu no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, por 21 anos, até ser beneficiado pelo regime semiaberto, quando fugiu.
Outra fuga histórica pelos ares aconteceu em 1985, quando o maior traficante de cocaína da história do Rio de Janeiro, José dos Reis Encina, o Escadinha, foi resgatado da antiga penitenciária da Ilha Grande (a 154 km do Rio).
Um helicóptero baixou na unidade a uma distância de 500 metros da guarda do presídio, no pátio interno, e recolheu o traficante sem qualquer reação policial. O traficante José Carlos Gregório, o Gordo, teria alugado a aeronave e forçado o piloto a pousar. Escadinha foi levado à Angra e continuou a fuga em um carro.