“Picolé de chuchu” nunca mais: Alckmin repagina redes mirando jovens
Vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin passou a adotar tom mais informal, com postagens descontraídas e memes
atualizado
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De “picolé de chuchu” a um dos perfis mais ativos no governo Lula (PT), o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), tem surpreendido e virou destaque nas redes sociais ao longo do ano de 2023. Com 50 anos de vida pública, o ex-tucano passou a usar as redes de forma mais ativa desde a transição de governo, iniciada em novembro.
Abusando dos memes, o vice, que acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mira o público jovem. Ele também adotou o hábito de comentar efemérides diárias através de montagens e jogos de palavras, além de acontecimentos da cultura pop, sempre de olho nos assuntos mais comentados do dia nas redes sociais.
A estratégia partiu do próprio vice-presidente, após uma reunião ministerial com o presidente Lula, no início do ano, na qual o petista fez um chamado a seus auxiliares para divulgarem as ações do governo federal. A adoção da estratégia também guarda relação com o fato de Alckmin chefiar, como ministro, uma das pastas mais técnicas da Esplanada.
A ideia das postagens descontraídas e criativas é aproveitar a fama de contador de histórias, piadas e “causos” e levar essa característica também para o ambiente virtual.
Veja um apanhado de registros:
Para a cientista política Maria Carolina Oliveira, especialista em Democracia e Comunicação Digital, o que Alckmin tem feito é agregar um conteúdo memético e espontâneo no dia a dia bastante formal das redes dele. Ela ressalta que os dois formatos de comunicação estão “convivendo”.
“Se você reparar no Instagram dele, ele não fez uma grande virada na comunicação nem houve uma mudança estratégica muito forte. Ele simplesmente começou a agregar no conteúdo alguns memes, algumas publicações mais espontâneas, menos agenciadas e mais em contexto com o que as pessoas estão conversando no dia”, pontua ela.
E completa: “O que nos parece é que, pouco a pouco, ele está testando, agregando um conteúdo memético e espontâneo no dia a dia bastante formal das redes dele”.
Por outro lado, Alckmin também está usando o conteúdo espontâneo e memético para vender sua narrativa, caso do fantasma do desemprego, por exemplo, ou do “investe em mim”. “Isso ajuda a atrair a atenção do público que nem sempre está ligado no tema da economia. É positivo para a estratégia do governo de vender a ideia de que a economia vai bem.”
Maria Carolina ainda destaca a aderência à imagem do chefe do Executivo: “O Lula continua sendo um catalisador importante, tanto dos posts dele quanto de demais figuras do governo. Muitos posts que bombam têm a imagem do Lula. É o efeito ‘gravidade Lula’”, avalia.
“No mais, parece que os testes vêm funcionando. Acredito que o sucesso do Alckmin pode encorajá-lo a fazer desta técnica uma estratégia de fato, inclusive investindo mais em vídeos meméticos e no Tik Tok e, quem sabe, encoraje o governo a adotar uma comunicação estratégica que fale melhor a linguagem das redes.”
Meias coloridas
De perfil mais sisudo e formal, ainda na transição Alckmin chamou atenção ao exibir meias coloridas ao assistir a uma partida da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. Ele revelou que os itens foram escolhidos pela esposa, a segunda-dama Lu Alckmin.
Pausa aqui para torcer pela nossa seleção com as meias que a @lualckmin_ colocou na mala. 🇧🇷 pic.twitter.com/dyQaY6rE50
— Geraldo Alckmin 🇧🇷 (@geraldoalckmin) November 28, 2022
A relação familiar é, inclusive, explorada por ele nas redes. Em um sábado de abril, por exemplo, levou os netos para conhecerem o Palácio do Planalto.
Enquanto Lula não possui celular próprio nem administra as próprias redes sociais, Alckmin possui acesso mais direto a seus canais de comunicação. O pessebista teria sido influenciado por uma de suas filhas, Sophia, que tem um perfil bastante ativo no Instagram, onde compartilha receitas, viagens e dicas de literatura.
Números
No X (antigo Twitter), Alckmin acumula quase 1,5 milhão de seguidores. A maior explosão ocorreu em novembro, recém-eleito na chapa de Lula, quando ele angariou mais de 153 mil seguidores apenas naquele mês. Um novo pico foi registrado em janeiro, quando ele colocou em prática as novas estratégias e conquistou quase 56 mil seguidores. Os números são da plataforma Social Blade.
Já no Instagram, o ex-governador de São Paulo contabiliza 650 mil seguidores. Os conteúdos postados nas duas redes sociais são, no geral, os mesmos.
O vice acompanha os resultados mais de forma qualitativa, por comentários e respostas (virtuais ou não), do que com balanços quantitativos. Fontes próximas ao vice dizem que ele observa que tem havido um retorno positivo.