PGR quer ouvir deputado que diz faltar capacidade cognitiva na África
PGR pediu ao STF oitiva com o deputado Gustavo Gayer, após fala de que falta “capacidade cognitiva” a africanos para entender democracia
atualizado
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesse sábado (23/9), para que seja realizada uma oitiva com o deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) sobre falas discriminatórias contra africanos. Em junho, o deputado afirmou que falta “capacidade cognitiva” a africanos para que entendam e vivam em um regime democrático.
“Democracia não prospera na África. Para você ter uma democracia, você tem que ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes, mas o ditador tomou tudo. O Brasil está desse jeito”, disse o deputado em um podcast.
Um dos apresentadores, na ocasião, chega a comparar o povo africano com macacos. “Sabia que tem macaco com QI de 90? 72 o QI na África. Não dá para a gente esperar alguma coisa da nossa população”, disse ao deputado, que concorda.
Veja:
A vice-procuradora-geral, Lindôra Araújo, afirmou ao Supremo que é importante ouvir o parlamentar para avaliar a possibilidade de abertura de inquérito contra ele. Deputadas federais entraram com duas representações contra Gayer em junho e julho, pedindo que ele seja investigado por racismo.
Em uma das peças, as deputadas do PSol Taliria Petrone (RJ), Erika Hilton (SP), Célia Xakirabá (MG) e Luciene Cavalcante (SP) afirmam que Gayer cometeu crime de racismo contra a maioria da população brasileira, que se declara preta ou parda – ou seja, afrodescendente.
“Feminismo é um câncer”
No mesmo podcast em que o deputado proferiu falas racistas, ele também disse que o feminismo é um “câncer”.
“O feminismo é um câncer. Desculpa falar a verdade, mas fodeu com a nossa sociedade. Fodeu. Nenhuma ideologia, talvez somente a ideologia de gênero, consiga ser mais perversa que essa, mas o feminismo é uma ideologia que fodeu com a sociedade”, afirmou.
Fake news
Recentemente, Gayer divulgou um vídeo com desinformação contra o presidente Lula (PT) sobre doações enviadas ao Rio Grande do Sul, atingido por um ciclone. Um dia depois da publicação, e diante de diversas críticas, o deputado federal a apagou.
No vídeo, uma mulher disse que as doações em um dos municípios atingidos haviam sido retidas para aguardar a chegada do presidente, o que era mentira.
Ela afirmava: “Recebemos a informação de que não vai ser liberado alimentos para ser feito a doação (…) porque eles têm que aguardar o presidente Lula chegar em Lajeado para fazer foto e vídeo e publicação em cima das doações. (…) As pessoas passando fome passando necessidade e tão esperando vim fazer politicagem em cima da tragédia alheia”.
O Metrópoles entrou em contato com o deputado Gustavo Gayer e perguntou se ele gostaria de se manifestar, mas o deputado se limitou a enviar uma receita de bolo, prática que remete à Ditadura Militar e usada pelo parlamentar para responder a imprensa.