Pfizer comprometeu-se a ressarcir o Brasil caso atrasasse vacinas
Informação consta em documento enviado pela Embaixada do Brasil nos EUA ao Itamaraty em agosto do ano passado
atualizado
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Documento obtido pela TV Globo e revelado neste domingo (13/6) mostra que a Pfizer se comprometeu a ressarcir o Brasil caso atrasasse a entrega de vacinas contra a Covid-19.
O ofício com essa informação teria sido enviado pela Embaixada do Brasil nos EUA ao Itamaraty em 27 de agosto de 2020.
Essa revelação coloca em contradição o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid. O general declarou que o governo não assinou um contrato para compra de vacinas com a Pfizer naquele momento por causa da falta de previsão de multa em caso de atraso na entrega das doses do imunizante.
O documento mostra que houve uma reunião entre representantes da farmacêutica e diplomatas brasileiros em 27 de agosto de 2020. Na ocasião, a empresa teria oferecido uma reserva de 30 milhões de doses ao país, deixando claro que poderia não conseguir garantir a mesma quantidade no futuro.
“Os dirigentes da Pfizer frisaram a ausência de risco, uma vez que, segundo constaria da proposta de venda, a Pfizer se comprometeria a devolver ao governo brasileiro todo e qualquer pagamento antecipado, na hipótese em que a empresa não consiga honrar a obrigação de entregar a quantidade acordada da vacina”, diz o documento da embaixada brasileira em Washington.
A CPI da Covid investiga as negociações do governo federal com a farmacêutica. Membros do colegiado avaliam que o governo poderia ter vacinado mais pessoas caso tivesse fechado acordo com a empresa para comprar as vacinas ainda em agosto do ano passado.
A gestão bolsonarista e a Pfizer só assinaram o primeiro contrato de entrega de doses do imunizante em dezembro.
O acordo inicial previa a entrega de 8,5 milhões de doses da vacina no primeiro semestre, e o restante até o final do ano, totalizando 70 milhões de doses.
Itamaraty recusou reunião com a China
A TV Globo também teve acesso a um documento que mostra que o Ministério das Relações Exteriores recusou participar de reunião com a China para discutir o combate à Covid-19.
A informação consta em ofícios enviados pela embaixada brasileira na China ao Itamaraty em julho de 2020.