PF vê indícios de que Bolsonaro agiu “em conluio” e “determinou” desvio de joias
Assessores Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara, o tenente-coronel Mauro Cid, e o advogado Frederick Wassef também estariam envolvidos
atualizado
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O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), seus assessores Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara, o tenente-coronel Mauro Cid, e o advogado Frederick Wassef teriam agido “em conluio” para esconder das autoridades brasileiras a evasão e venda ilícita de bens no exterior, em especial o chamado Kit Ouro Branco. É o que aponta a investigação da Polícia Federal e consta na petição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou busca e apreensão nesta sexta-feira (11/8) em endereços ligados ao general da reserva Mauro César Lourena Cid e outras pessoas próximas ao ex-presidente.
O general Lourena é pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O próprio Mauro Cid, o também ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e tenente do Exército Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef foram alvo da operação.
A partir de dados analisados, a PF destaca que há indícios de que o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República foi utilizado para “desviar, para o acervo privado do ex-Presidente da República, presentes de alto valor, mediante determinação de Jair Bolsonaro”.
Na Petição nº 11.645, na página 99, a investigação feita pela Polícia Federal (PF) chama de “esquema criminoso” a recuperação do relógio Rolex Day-Date, vendido pela empresa Precision Watches. Lá, consta que Wassef viajou para os EUA a fim de reaver o bem no dia 14 de março deste ano e, depois, no dia 29, trouxe para o território nacional em sua viagem ao Brasil, onde o entregou para o tenente-coronel Mauro Cid.
O documento ainda considera que as provas colhidas demonstram que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro criou uma estrutura para desvio de bens de alto valor, presenteados por autoridades estrangeiras, para “serem posteriormente evadidos do Brasil, por meio de aeronaves da Força Aérea brasileira e vendidos nos Estados Unidos”.
Ainda há a constatação de que existe “total desprezo pelo patrimônio histórico brasileiro e desrespeito ao Estado estrangeiro”, já que os presentes representam uma cortesia e hospitalidade ao Brasil.
Em nota, a defesa do ex-presidente informou que peticionou em março junto ao TCU, voluntariamente e sem que houvesse sido instada, “requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito”.
A nota ainda diz que Jair Bolsonaro “reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária”.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Mauro Cid, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.
Saiba quais foram os presentes:
Nesta sexta, a PF deflagrou a Operação Lucas 12:2, por determinação do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. A ação trata da relação de presentes recebidos no exterior pelo Estado brasileiro, na gestão de Bolsonaro, e depois comercializados para “lucro próprio”.