PF suspeita que ex-diretor do Dersa escondeu “muito bem” celulares
Em relatório à juíza Gabriela Hardt, o delegado responsável disse que quase “arrombou” a porta do apartamento após demora para abrir
atualizado
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A Polícia Federal suspeita que o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, preso nesta terça-feira (19/2) possa ter escondido ou dado fim a telefones celulares. Em relatório à juíza Gabriela Hardt, o delegado Alessandro Netto Vieira relatou que o apartamento do operador do PSDB quase foi arrombada após demora para abrir a porta.
“Afirmaram os policiais que houve uma demora excessiva por parte da esposa de Paulo Vieira em abrir a porta e franquear o acesso dos policiais no apartamento, de modo que as portas quase tiveram de ser arrombadas. Somente quando se percebeu que os policiais de fato as arrombariam foi que o acesso foi finalmente permitido”, narrou o delegado.
“Consequência ou não dessa demora, fato é que não foi encontrado nenhum celular de propriedade do preso seja em sua posse ou dentro de sua residência, mesmo diante de uma busca minuciosa feita por uma equipe reforçada com cerca de 8 policiais.”
O delegado relatou à juíza que apesar de não terem achado nenhum celular, os policiais encontraram ‘dezenas de cabos USB de carregamento de celulares já devidamente conectados em fontes de carregadores’ no closet do casal.
Na avaliação de Alessandro Netto Vieira os carregadores sugerem, ‘pelo adiantado da hora, que alguns telefones celulares passaram a noite ali carregando’.
“Podemos trabalhar com a absurda hipótese de o investigado não fazer uso de celular algum, todavia, o fato de nenhum celular do investigado ter sido encontrado; a presença daquelas fontes todas conectadas logo no início da manhã, indicando que ali foram carregados ou se carregam a energia de vários celulares; e a demora em abrir as portas, lapso de tempo que permitiria perfeitamente que eventuais aparelhos fossem de alguma forma descartados ou muito bem escondidos, levam-nos a crer ser perfeitamente factível que o investigado Paulo Vieira de Souza possa ter agido de forma deliberada para ocultar provas e obstar o bom êxito da diligencia, prejudicando assim a atividade persecutória”, afirmou o delegado.
“Tal circunstância que só faz reforçar, salvo melhor entendimento em contrário, a necessidade de sua prisão cautelar.”
À juíza, o delegado narrou que o operador do PSDB deve ser levado para Curitiba no dia 27 de fevereiro. O material apreendido na Operação Ad Infinitum deve ser levado à capital paranaense na semana que vem.
O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores/Governo Temer), presidente da Investe São Paulo (Agência Paulista de Promoção de Investimento e Competitividade) do governo João Doria, foi alvo de buscas. Agentes federais vasculharam imóveis de Aloysio. Um dos endereços do ex-ministro que a PF buscou documentos é o apartamento residencial dele, em Higienópolis, na capital paulista.
O delegado observou que dois imóveis de Aloysio – residência em São José do Rio Preto e um apartamento residencial em São Paulo – ‘estavam desabilitados’. Segundo o delegado, ‘foi necessário os serviços de chaveiro’.
“Ainda assim, foram arrecadados, em um deles, mídias e eletrônicos”, afirmou.
Aloysio Nunes Ferreira
O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, presidente da Investe São Paulo, disse que ainda ‘não teve acesso às informações’ da Operação Ad Infinitum, a fase 60 da Lava Jato. Segundo ele, o delegado da Polícia Federal que conduziu as buscas em sua residência nesta terça, 19, ‘foi muito cortês’, mas não revelou a ele os motivos da diligência. “O inquérito está em segredo, eu estou buscando saber o que há.”
Aloysio negou ter recebido cartão de crédito da conta do operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, preso na Ad Infinitum.
Odebrecht
“A Odebrecht tem colaborado de forma eficaz com as autoridades em busca do pleno esclarecimento dos fatos narrados pela empresa e seus ex-executivos. A Odebrecht já usa as mais recomendadas normas de conformidade em seus processos internos e segue comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente.”
Camargo Corrêa
“A Construtora Camargo Corrêa foi a primeira empresa de seu setor a firmar um acordo de leniência e, desde então, vem colaborando continuamente com as autoridades.”
Andrade Gutierrez
A Andrade Gutierrez informa que apoia toda iniciativa de combate à corrupção, e que visa a esclarecer fatos ocorridos no passado. A companhia assumiu esse compromisso público ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia.