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PF suspeita que dissidentes do Exército planejam atentado na Olimpíada

Em redes sociais, grupo de ex-militares prega ações violentas durante os Jogos Olímpicos deste ano caso não sejam reincorporados às Forças Armadas

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Quando o relógio marcou 15h da segunda-feira, 7 de junho, o militar afastado do Exército Tiago Pereira da Silva, 43 anos, entrou com a sua caminhonete na sede da Polícia Federal no Distrito Federal, no Setor Policial Sul. Ele havia sido convidado a prestar depoimento sobre sua suposta participação em comunidades do Facebook e blogs ligados a um coletivo chamado Incapazes das Forças Armadas – um grupo afastado do serviço militar devido a problemas associados a doenças mentais.

Ao chegar em uma sala improvisada na sede regional da PF, do outro lado da mesa estava um delegado da Polícia Federal lotado em Uberlândia (MG). Com vasta experiência no combate a drogas e ao crime organizado, ele, que não pertence à Divisão Antiterrorismo (DAT), foi solicitado a dar início a um inquérito para apurar denúncias de que um grupo estaria organizando ataques terroristas durante a Olimpíada Rio 2016.

A suspeita é baseada em declarações feitas por ex-militares, entre eles o próprio Tiago, alertando sobre essa possibilidade. A ameaça, bastante divulgada em páginas nas redes sociais, é de que se o Supremo Tribunal Federal (STF) não julgar o Recurso Extraordinário nª 953399 – impetrado pelo Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul pedindo a reincorporação desses militares –  eles poderiam lançar uma ofensiva de ataques durante os Jogos Olímpicos.

Tiago
Atualmente, Tiago Pereira preside a Cooperativa Habitacional dos Militares das Forças Armadas. De 1992 a 1997, ele pertenceu à Polícia do Exército. À época, ele conta ter sido acometido por uma neurocisticercose e, como consequência das sequelas deixadas pela doença, foi declarado “incapaz para o serviço militar”.

Desde então, o ex-militar se engajou na luta de colegas que, em função de alguma doença semelhante à dele, também foram declarados “incapazes”. Ele reclama na Justiça a reincorporação ao Exército e aos benefícios que poderiam ajudá-lo a tocar a vida.

A ligação com o grupo alvo de suspeitas começou há cerca de dois anos. Ele é um participante ativo da comunidade, comentando e compartilhando as publicações, mas nega qualquer participação em atos extremos.

“Eu sempre falo pro pessoal que não podemos partir para ações violentas. Temos um processo em curso, é melhor esperar”, disse.

Por outro lado, Tiago compartilhou ao menos três vezes uma publicação em que os autores do grupo Incapazes das Forças Armadas no Facebook alertam sobre a iminência do ataque e usam o nome do sargento Abílio Teixeira como suposta testemunha do arsenal que a comunidade manteria no Rio de Janeiro. “A pressão está aumentando”, alertou o ex-militar.

Sargento
Aos 71 anos, o sargento aposentado Abílio Teixeira nega qualquer participação direta no grupo ou ter visto de perto o tal arsenal. Ele, no entanto, é enfático ao avaliar a chance real de um atentado ocorrer. “Filho, o serviço militar é um reflexo da sociedade”, comentou ao longo de mais de uma hora de conversa em um bar na Asa Sul da capital. “Se na sociedade temos pessoas dispostas a esse tipo de loucura, no serviço (militar) também temos”, prosseguiu.

Em 2011, ele enviou uma carta de quatro páginas à então presidente Dilma Rousseff alertando sobre possíveis ações terroristas de grupos paralelos ao serviço militar. Como resposta, recebeu correspondência dizendo que os alertas seriam encaminhados ao gabinete de Segurança Institucional. Desde então, não teve nenhum outro retorno.

Teixeira se diz uma pessoa de paz e reclama do uso do seu nome em ações como essa do grupo Incapazes das Forças Armadas.

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