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PF prende “rei do bitcoin”, suspeito de desviar R$ 1,5 bilhão em golpe

Além de Cláudio Oliveira, presidente do Grupo Bitcoin Banco, quatro suspeitos foram detidos pela PF nesta segunda (5/7)

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Cláudio José de Oliveira, presidente do Grupo Bitcoin Banco (GBB) e autointitulado como “rei do bitcoin“, e outras quatro pessoas ligadas à empresa foram presos pela Polícia Federal nesta segunda-feira (5/7), em Curitiba, no Paraná.

O grupo detido inclui a esposa de Oliveira, um alto executivo do grupo e mais dois investigados, que teriam colaborado com ocultações de bens e fraudes judiciais no esquema criminoso.

O “rei do bitcoin” é acusado de promover fraudes dentro das plataformas de negociação de criptomoedas que podem ter gerado mais de RS 1,5 bilhão em danos a mais de 7 mil pessoas.

O GBB estava em recuperação judicial desde o final de 2019, sendo autorizado pela Justiça a retomar suas atividades a fim de ressarcir os clientes. Oliveira afirma que a empresa utilizava um robô para promover “arbitragens”.

Segundo o portal Valor Investe, os anúncios do grupo declaravam que essas “arbitragens”, acusada pela PF de ser uma organização criminosa, permitiram a obtenção de lucros a partir da compra e venda de bitcoins combinadas a diversas exchanges.

Essas trocas possibilitavam uma compra mais barata, uma venda mais cara e lucro sobre o “spread” de milhões de operações efetuadas através dos algoritmos.

A operação guiada pela PF recebeu o nome de Daemon, fazendo uma referência à mitologia grega sobre uma criatura sobrenatural trabalhando em plano de fundo, além de fazer referência a programas de computador que agem sem controle direto do usuário.

Declarações do delegado

Filipe Hille Pace, delegado responsável pela operação, declarou que o empresário Cláudio Oliveira e o GBB promoveram um golpe durante mais de quatro anos, em que recebiam diversos recursos de investidores para fazer supostas aplicações em bitcoins, prometendo lucros exorbitantes.

Pace também afirmou que os investigados criaram um esquema para fazer com que os investidores acreditassem que estavam investindo reais ou bitcoins, sem nunca ter tido posse da criptomoeda.

Assim, tanto os rendimentos quanto os criptoativos não eram registrados ou movimentados de fato na blockchain, a tecnologia que valida e registra as transações de bitcoins.

“Houve negociação de criptomoedas. Mas em determinado momento, o grupo criou um instrumento – e aqui faço uma analogia – semelhante a uma ‘blockchain privada’. O grupo tinha três exchanges e as pessoas, por meio desse instrumento criado pelo grupo, que não era a blockchain, faziam transferências de criptomoedas entre essas três corretoras, com diferença de preço, permitindo arbitragem. Seus investidores ganhavam, ou acreditavam estar ganhando, com o spread nessas operações”, esclareceu o delegado.

Ele ainda completou: “O que hoje atrai tantos investidores, seja para fins lícitos ou infelizmente ilícitos, é que as informações da blockchain são descentralizadas. A blockchain, essa sim, garante a veracidade das transações. Mas verificamos que os saldos aplicados pelos investidores nunca foram para a blockchain, eles eram apenas refletidos no software da empresa. O cliente acessava aquela plataforma e era induzido a acreditar que possuía aquele saldo, incluindo o que foi investido e os lucros exorbitantes prometidos”.

Filipe Pace afirmou, em coletiva de imprensa, que os acusados se valeram da complexidade da tecnologia com o objetivo de enganar os clientes e a Justiça.

A polícia conseguiu verificar que Oliveira e o GBB apresentaram dados de uma carteira digital com 7 mil bitcoins, o equivalente a cerca de R$ 1,2 bilhão, para burlar a Justiça e fazer com que parecesse que tinham os recursos necessários para devolver o valor dos investidores.

“O grupo se valeu das características novas das transações de criptomoedas, valendo-se ainda de certa inexperiência dos operadores de direito, além de empresários e clientes, e conseguiu iludir também o poder Judiciário, pois não era proprietário daquela carteira, não apresentou as chaves privadas”, explicou Pace.

A artimanha resultou na suspensão de todas as ações cíveis que o havia contra o grupo no país e “deu um fôlego aos acusados para continuarem não ressarcindo suas vítimas”.

Crimes em outros países

Os acusados serão investigados, de acordo com a polícia, pelos crimes de estelionato, crime contra a economia popular, crimes falimentares, lavagem de dinheiro e outros delitos. As prisões também foram justificadas pela necessidade de cessar a evasão de recursos.

“Ao longo da recuperação judicial, o grupo passou a se desfazer de patrimônio, vendendo veículos por preço abaixo do praticado no mercado, desfazendo-se de joias, e valendo-se de laranjas para movimentar recursos à margem do poder Judiciário. Por esses fatos que não cessaram, dilapidação de patrimônio, ocultação de recursos, préstimo de informações falsas, é que foram decretadas as prisões hoje”, declarou o delegado responsável.

A operação permitiu que diversos artigos e veículos de luxo fossem sequestrados e apreendidos, “principalmente bolsas, joias e relógios” que, segundo Pace, somam cerca de R$ 2,5 milhões. Os objetos “serão leiloados para serem revertidos em favor das pessoas que foram lesadas pela organização”.

De acordo com a PF, Oliveira também é investigado por fraudes contra o sistema financeiros em outros países, como Estados Unidos e Suíça, e chegou a ser preso em Portugal por conta da acusação na Europa. O curso da investigação, entretanto, teria permitido que ele fosse solto e retornasse ao Brasil.

Cláudio Oliveira começou o empreendimento do GBB em 2017, mas afirmava ter estudado e iniciado a carreira na Suíça.

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