PF prende José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer
A ordem de prisão temporária (cinco dias) é do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF)
atualizado
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A Polícia Federal (PF) prendeu no início da manhã desta quinta-feira (29/3), em São Paulo, o empresário José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer. A ordem de prisão temporária (cinco dias) é do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que apura se decreto presidencial promulgado em 2017 favoreceu empreiteiras e empresas do setor de portos em troca de propina.
A Polícia Federal informou que, por determinação do STF, “não se manifestará a respeito das diligências realizadas na presente data”.
A PF também prendeu o empresário Antônio Celso Grecco, dono da empresa Rodrimar. Ele é investigado por supostamente ter sido um dos beneficiados pelo chamado Decreto dos Portos.Outros alvos da operação, batizada de Skala, são o ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo Wagner Rossi e o coronel aposentado da Polícia Militar de SP João Batista Lima, amigo pessoal de Temer. Os dois foram presos.
Delações
O nome de Yunes aparece em pelo menos três delações. O operador financeiro Lúcio Funaro disse que entregou dinheiro vivo oriundo da Odebrecht. A quantia foi de R$ 1 milhão. Em depoimento no ano passado à Procuradoria-Geral da República (PGR), Yunes admitiu ter recebido o dinheiro. Mas afirmou desconhecer se tratar de propina.
Yunes deixou o governo após vir à tona delação do ex-executivo da companhia Cláudio Melo. Ele narrou, em depoimento, reunião ocorrida em 2014 em que Temer teria pedido dinheiro a Marcelo Odebrecht para o MDB. Dos R$ 10 milhões, R$ 6 milhões seriam para campanha de Paulo Skaf e R$ 4 milhões para o ministro Eliseu Padilha distribuir.
O amigo de Temer também foi citado na bombástica delação de Joesley Batista, da JBS. O empresário relatou em depoimento na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato, que o presidente teria tentado incluir o advogado José Yunes “para intermediar um acordo com uma empresa em disputa judicial em andamento contra o Grupo J&F”.
Segundo o executivo, o negócio renderia cerca de R$ 50 milhões a Yunes.
O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Yunes, divulgou nota sobre a prisão do seu cliente. “É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia. Sempre que intimidado, ou mesmo espontaneamente, compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e a cidadania”, destacou.
As defesas da Rodrimar e dos demais alvos da operação não se manifestaram ainda. O Palácio do Planalto também não se pronunciou.