PF prende jornalista bolsonarista após suspeita de que deixaria o país
Oswaldo Eustáquio, ex-assessor do Ministério dos Direitos Humanos, foi detido em Campo Grande. Ele é alvo do Inquérito das Fake News
atualizado
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A Polícia Federal prendeu o jornalista Oswaldo Eustáquio, ex-assessor do Ministério dos Direitos Humanos, em Campo Grande (MS), na manhã de sexta-feira (26/06). Ele é investigado na Operação Lume, inquérito que apura financiamento e organização de atos antidemocráticos contra o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
A corporação localizou o ativista bolsonarista, inicialmente, em Ponta Porã (MS), na divisa com o Paraguai. Ele vinha sendo monitorado pois haveria perigo de ele deixar o país. No ato da prisão, ele estava na capital do estado.
Eustáquio, que também é jornalista, mora em Brasília e é muito próximo da ativista de extrema-direita Sara Winter, disse que iria visitar os tios no estado vizinho e depois voltaria para São Paulo.
O jornalista apareceu em uma live com o ex-deputado condenado no mensalão Roberto Jefferson, quando o político defendeu que haveria uma tentativa de golpe contra Jair Bolsonaro (sem partido). A conversa ao vivo foi retransmitida pelas redes sociais do presidente.
A esposa de Eustáquio trabalha no governo Bolsonaro. Em sua rede social, ele disse, há uma hora, que possui um “núcleo de jornalismo investigativo”.
O referido núcleo estaria no Paraguai, onde descobriu que o “comércio aberto” e o “combate à desinformação da mídia” seria a causa de poucas mortes por coronavírus no país vizinho. O Paraguai, diferentemente do Brasil, adotou uma postura rígida de isolamento social contra a doença.
O que diz o outro lado
A defesa do jornalista enviou nota ao Metrópoles em que detalha como ocorreu a prisão de Oswaldo Eustáquio e nega a tentativa de fuga dele. O comunicado aponta que ele estava fazendo trabalho jornalístico no local e conta com familiares em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, ele se encontra em cela separada na Polícia Federal, com prisão temporária de cinco dias, podendo ser prorrogada por igual período.
“Não obstante todo o esforço destes patronos em buscar acesso aos autos do inquérito como forma de subsidiar a Ampla Defesa de seu cliente, até o presente momento não foi conferido acesso aos autos”, reclamam os advogados no comunicado. E denunciam que a prisão, feito no processo do inquérito das fake news, “segue sob o total desrespeito aos princípios norteadores do Direito e à normativa instituída”, afirmam os advogados Gustavo Moreno e Marcos Caldeira.
“Somado à seletividade dos alvos e a ausência de fundamentação legal para as prisões, forçoso acreditar que a prisão do jornalista Oswaldo Eustáquio não seja uma prisão política”, concluem.