PF prende grupo que planejava atos terroristas nas Olimpíadas
Segundo o ministro da Justiça, grupo interagia apenas em aplicativos de celular e integrantes realizaram batismo no Estado Islâmico. Foram cumpridos dez mandados de prisão temporária, dois de condução coercitiva e 19 de busca e apreensão
atualizado
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A Polícia Federal realizou a primeira prisão com base na lei antiterror durante operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (21/7), batizada de Hashtag. Dez pessoas foram presas até o momento acusadas de integrar um grupo que preparava ações terroristas para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. De acordo com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, eles utilizavam aplicativos de celular, como Telegram e WhatsApp, para manter contato entre eles. Ainda de acordo com Moraes, contatos com o Estado Islâmico eram feitos através de sites da internet, mas sem interação com a base.
Todos os presos são maiores de idade e brasileiros, mas um adolescente foi citado nas conversas interceptadas. Eles ficarão detidos por 60 dias. Uma organização não governamental (ONG) da área humanitária também é investigada e seu proprietário, inclusive, foi alvo de condução coercitiva. Além dos mandados de prisão temporária, foram cumpridos dois de condução coercitiva e 19 de busca e apreensão nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.Cada um dos presos foi detido em um estado diferente. De acordo com o ministério, isso reforça a tese de que eles tinham pouco contato entre eles e que se tratava de um grupo desestruturado e amador. Ainda de acordo com as autoridades, o grupo recebeu ordens do Estado Islâmico para iniciar um treinamento em artes marciais, se armar e aprender a atirar, tudo para a realização de um ato no país. Um membro do grupo preso teria tentado comprar um fuzil AK47 em um site clandestino do Paraguai, mas as autoridades não souberam confirmar se a ação foi bem-sucedida.
“Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo. Por exemplo, a ordem de começar a treinar artes marciais é muito recente, ninguém aprende com essa rapidez”, afirmou. “E convenhamos que uma célula organizada não iria tentar comprar uma arma pela internet”, avaliou Moraes.
Durante a Operação Hashtag, a Polícia Federal apreendeu computadores, celulares e equipamentos eletrônicos do grupo. Segundo o Ministério da Justiça, a célula era toda organizada pela internet e apenas duas duplas de presos se conheciam pessoalmente. Dois dos detidos já haviam cumprido pena de seis anos por homicídio.
“A operação foi resultado da interação entre grupos da Justiça e forças internacionais. A partir do nosso rastreamento, vimos que eles passaram de simples comentários, quase uma apologia, para atos preparatórios para o terrorismo”, afirmou o ministro da Justiça.
Em troca de mensagens, reafirmaram que o Brasil não fazia parte do EI, mas que o país se tornaria alvo por conta da presença dos estrangeiros durante as Olimpíadas. No entanto, não informaram os locais específicos onde seriam realizados os ataques.
Alexandre de Moraes, ministro da Justiça
Segundo Moraes, o governo federal vem monitorando diversos indivíduos para evitar práticas terroristas. “Até determinado momento, seguíamos com o monitoramento e colocávamos que o Brasil não fazia parte da coalizão contra o Estado Islâmico. Mas vimos que vários brasileiros realizaram um batismo no grupo terrorista pela internet. A partir daí, vários atos preparatórios começaram a ser organizados”, completou o ministro.
Batismo
O ministro Alexandre de Moraes informou que alguns dos membros fizeram um ritual conhecido como batismo. Esse ritual, segundo afirmou, envolve assistir a um vídeo na página do Estado Islâmico e repetir essas palavras, sem nenhuma interação com a base do grupo.
De acordo com Moraes, essa prisão não aumenta o alerta para eventuais ações terroristas durante as Olimpíadas no próximo mês. Ele voltou a repetir o mantra que já tem utilizado nos últimos dias de que a segurança pública é uma preocupação maior do que uma eventual ameaça terrorista durante os Jogos Olímpicos.
Além desse caso, o Ministério da Justiça citou apenas o do físico Andlène Hicheur, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) condenado por terrorismo na França, como uma pequena possibilidade de terrorismo no país. O professor foi deportado na última sexta (15).
Nas redes sociais, os suspeitos presos nesta quinta teriam comemorado os atentados terroristas em Orlando (EUA) e Nice (França), que juntos deixaram mais de 130 mortos. Ambos os ataques foram reivindicados pelo Estado Islâmico.