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Avião interceptado com cocaína não saiu de fazenda da família de Maggi

A corporação diz que o piloto Apoena Índio do Brasil contou que a aeronave não decolou da propriedade de parentes do ministro da Agricultura

atualizado

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DIVULGAÇÃO/FAB
avião cocaína
1 de 1 avião cocaína - Foto: DIVULGAÇÃO/FAB

Os dois homens que estavam no avião com 653 kg de cocaína interceptado pela Força Aérea Brasileira (FAB) no domingo (25/6) indicaram um plano de voo falso. A informação foi divulgada pelo delegado da Polícia Federal Bruno Gama, em Goiânia, para onde foram levados o piloto, Apoena Índio do Brasil, e o copiloto, Fabiano Júnior da Silva.

Diferentemente do indicado no plano de voo, ao delegado o piloto teria dito que decolou de um local na Bolívia, e não de uma fazenda de Mato Grosso pertencente ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

Dados do GPS do avião confirmou o falso plano de voo e que, na verdade, tinha decolado com a carga na Bolívia. A prova técnica revelou que o bimotor tinha partido de Cuiabá (MT) às 4h de domingo, chegando à Bolívia às 6h40. Após ser carregado com os sacos de cocaína, decolou com destino a Jussara às 7h40.

Com a trajetória revelada pelo GPS, a PF descartou a possibilidade de o bimotor com vários fardos de cocaína ter decolado da Fazenda Itamarati do Norte, um imóvel arrendado pelo Grupo Amaggi, e pertencente ao ministro da Agricultura, no Mato Grosso.

Do plano de voo falso também constava que o bimotor tinha o destino uma pista em Santo Antônio do Laverger, no MT, mas em depoimento, o piloto confessou que a droga seria entregue em Jussara. O município é considerado rota de tráfico, mas nunca houve grandes apreensões na região.

Duvidando que o destino final da carga seja mesmo Jussara, o foco da polícia agora é identificar as siglas encontradas nos fardos, onde constam SP, CR7 e NETO, e assim localizar o real destino e os donos da cocaína.

O volume apreendido foi o maior registrado em 2017 pela Polícia Militar de Goiás, que atuou com helicópteros após a queda da aeronave, apreendendo a carga que foi entregue na PF.

Prisão
A dupla foi presa na noite desta segunda-feira (26), em Itapirapuã (GO), na mesma região onde fizeram o pouso forçado no domingo, em uma pista de Jussara, após desobedecerem ordem para pousar em Aragarças, na divisa com o Mato Grosso. A FAB determinou o disparo de um tiro de aviso que não atingiu o avião.

Ainda no depoimento, ele teria afirmado que o pouso seria em uma fazenda de Jussara e que o transporte da carga lhe renderia R$ 90 mil. Já o copiloto teria confessado que era o dono da droga, avaliada pela PF em mais de R$ 20 milhões.

Voo
Os dois homens foram denunciados por pessoas que suspeitaram quando eles deram entrada em um hotel de Jussara, distante cerca de 30 km do local do pouso. Eles sobreviveram ao pouso forçado que destruiu o bimotor PT IIJ após interceptação de um Super Tucano da FAB, durante a Operação Ostium, que combate voos que alimentam as redes de narcotráfico.

Assim que foi noticiado o local indicado da decolagem no mapa de voo, a empresa que arrenda a fazenda citada nele, o Grupo Amaggi, e o ministro Blairo Maggi, dono da propriedade, manifestaram-se e negaram conhecimento do caso.

A PF se concentra agora na identificação real do plano de voo e do proprietário do bimotor e da droga, informação que será repassada à FAB.

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