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PF: Pazuello e Exército ignoraram pedidos de ajuda a Manaus

Inquérito da PF que investiga crimes do ex-ministro mostra pedidos sem resposta cinco dias antes do colapso por falta de oxigênio em Manaus

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Eduardo Pazuello_CPI da Covid
1 de 1 Eduardo Pazuello_CPI da Covid - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o comando do Exército na Amazônia foram avisados sobre a “iminência de esgotamento” do oxigênio em Manaus cinco dias antes do colapso na cidade. Os ofícios com alertas e pedidos de ajuda detalhados foram assinados pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), segundo a Polícia Federal.

A descoberta dos ofícios ocorreu durante as investigações de um inquérito aberto por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Com Pazuello fora do Ministério da Saúde e, consequentemente, sem foro privilegiado, as investigações foram encaminhadas à Justiça Federal. Além disso, uma cópia do inquérito foi enviada à CPI da Covid-19.

Um dos ofícios, enviado em 9 de janeiro, alerta para a “iminência de esgotamento” do insumo e para a “necessidade de resguardar a vida dos pacientes” no estado. O documento aponta que houve um “súbito aumento no consumo” de oxigênio com o aumento no número de casos na região.

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Município enfrenta colapso na rede de saúde
Chegada de oxigênio ao hospital
Corpos em câmaras frias
Em janeiro de 2021, o consumo diário de oxigênio chegou a 76,5 mil metros cúbicos, afirma o governo. A produção da empresa é de apenas 28,2 mil metros cúbicos por dia
Estado tem mais de 5,8 mil mortos por Covid-19
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No Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, na zona centro-sul de Manaus, amigos e familiares aguardam a liberação dos corpos das vítimas de Covid-19

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Município enfrenta colapso na rede de saúde

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Chegada de oxigênio ao hospital

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Em janeiro de 2021, o consumo diário de oxigênio chegou a 76,5 mil metros cúbicos, afirma o governo. A produção da empresa é de apenas 28,2 mil metros cúbicos por dia

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Estado tem mais de 5,8 mil mortos por Covid-19

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O ofício também afirma que a White Martins, empresa responsável pelo abastecimento do insumo em Manaus, teria 500 cilindros em Guarulhos (SP) prontos para transporte aéreo urgente às 16h do dia seguinte. O documento ainda detalha que, desses, 200 viriam de Campinas (SP), 15o de Belo Horizonte (MG) e 150 de Brasília (DF).

O ofício foi enviado para o comandante militar da Amazônia, general Theophilo Oliveira, na mesma data, relata o mesmo problema e pede ajuda para o transporte de 36 tanques de oxigênio, em “caráter de urgência”, que também estariam disponíveis em Guarulhos às 16h do dia 10.

A White Martins, no entanto, detalhou à Folha de S. Paulo que somente em 12 de janeiro o Ministério da Saúde enviou apoio para o transporte de 200 cilindros, oriundos de Vinhedo (SP). Já no dia seguinte, 13 de janeiro, a pasta ajudou no transporte de 150 cilindros de Belo Horizonte para Manaus.

Transporte de oxigênio

Na data de envio do ofício, 23 cilindros de oxigênio estavam disponíveis em Guarulhos para serem transportados pela Força Aérea Brasileira. No entanto, somente no dia 12 os primeiros seis cilindros foram embarcados. Não há informação nos documentos sobre os outros 150 cilindros prontos para embarque em Guarulhos ou sobre os demais insumos disponíveis no mesmo aeroporto.

Sabe-se apenas que houve o transporte em aviões da FAB de Belém para Manaus de 150 cilindros, no dia 9, e 200, no dia 10, segundo a White Martins. O embarque foi solicitado em ofício enviado em 7 e 8 do mesmo mês ao Comando Militar da Amazônia. O documento, neste caso, foi assinado pelo secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo.

Já no caso de tanques de oxigênio, o Ministério da Saúde afirmou que “por se tratar de um deslocamento arriscado e proibido de ser feito por aviação civil, o envio do oxigênio líquido foi feito em contêineres, em aeronaves militares que ficaram prontas para o transporte seguro.” O embarque, no entanto, só foi realizado nos dias 12, 14 e 15.

Wilson Lima também enviou para Acre, Roraima, Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal ofícios pedindo auxílio no transporte de oxigênio e com alertas para a “iminência de esgotamento” do insumo. Os documentos foram encaminhados em 10 de janeiro.

Aumento de consumo

Segundo o ministério, o número de metros cúbicos de oxigênio enviados a Manaus subiu de 5.100 para 1 milhão após o colapso. A quantidade, porém, estava longe do necessário, uma vez que, em 11 de janeiro, o consumo era de 50 mil metros cúbicos, no dia 13, 70 mil. Já no auge da crise, o consumo chegou a 100 mil metros cúbicos por dia.

No dia 12, Pazuello recebeu mais um ofício com alertas de que o consumo de oxigênio havia mais do que triplicado e com pedidos de que fossem enviadas microusinas e geradores de oxigênio. O transporte, entretanto, só foi feito em 14 de janeiro.

Em depoimento na CPI da Covid, Pazuello afirmou que só soube da crise em Manaus no dia 1o, em reunião com o governador e o secretário de Saúde do Amazonas.

No entanto, o então ministro recebeu uma ligação do secretário no dia 7. Segundo Pazuello, a ligação não tratou de um possível colapso, mas apenas do transporte de cilindros de oxigênio para o estado.

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