PF indicia mandante e outro pescador pelas mortes de Dom e Bruno
Traficante conhecido como Colômbia e Jânio Freitas, outro pescador ilegal, foram indiciados pelo assassinato de Bruno e Dom
atualizado
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Um ano após o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na Terra Indígena Vale do Javari (AM), mais duas pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal (PF), por envolvimento no crime. Apontado como mandante, o traficante Rubens Villar, conhecido como Colômbia, e outro pescador ilegal, Jânio Freitas de Souza, foram acusados de assassinato e ocultação de cadáver.
Segundo informações reveladas pelo Fantástico, da TV Globo, a dupla recebeu o indiciamento na última quarta-feira (31/5). A investigação aponta que Bruno e Dom, assassinados em junho de 2022, estavam sendo monitorados por organização criminosa chefiada por Colômbia.
Caso Bruno e Dom: 1 ano após crime, julgamento de suspeitos é repleto de entraves
Colômbia está preso desde dezembro do ano passado. Ele foi detido pela primeira vez em julho por falsidade ideológica e solto em outubro, após pagar fiança de R$ 15 mil. No entanto, a prisão dele foi decretada novamente no final de 2022 após descumprir condições impostas pela concessão de sua liberdade provisória.
Durante o período na cadeia, ele chegou a dividir cela com Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou o assassinato. A notícia de que Colômbia seria um dos mandantes foi confirmada após a polícia gravar uma conversa na qual o traficante pede que Pelado não revele à polícia que foi ele quem forneceu a munição usada para matar Bruno e Dom.
O traficante seria o chefe de uma organização criminosa, especializada em pesca ilegal e tráfico de produtos contrabandeados para o Peru e para a Colômbia. Abaixo dele na organização estavam dois pescadores ilegais: Pelado e Jânio Freitas de Souza, da comunidade São Rafael.
Na acusação formal da PF, consta que Colômbia e Jânio conversaram em várias ocasiões dias antes e também depois do crime. A informação contraria a versão do pescador ilegal em depoimento à polícia, de que conhecia o traficante apenas “de vista”.
A investigação encontrou um total de 419 ligações feitas entre os dois homens entre 1º de junho de 2022 – quando Phillips e Pereira chegaram ao Javari para iniciar uma viagem de quatro dias – e 6 de junho, dia seguinte dos assassinatos.
1 ano do crime
Há um ano, em 5 de junho, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciava o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na Terra Indígena Vale do Javari (AM).
Após 10 dias de intensas buscas, os restos mortais foram encontrados esquartejados, carbonizados e enterrados em área de mata fechada, a pouco mais de um quilômetro da margem do Rio Itacoaí.
A principal suspeita dos investigadores é de que a dupla, que visitaria uma equipe de vigilância indígena na região para fazer entrevistas para um livro de Dom, foi vítima de uma emboscada por pescadores ilegais que atuavam na área. Pereira, que era servidor da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), já havia sido ameaçado por eles pelas operações contra atividades ilegais no território indígena.
O julgamento dos suspeitos, porém, tem esbarrado em entraves, como o adiamento de audiências devido a problemas de conexão de internet em Tabatinga (AM), e pedidos da defesa para remarcar depoimentos sob o argumento de dificuldades para entrar em contato com os réus nos presídios com a necessária confidencialidade.