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PF faz operação para prender Carlinhos Cachoeira em Goiânia

Segundo a PF, também foram emitidos mandados de prisão contra o empresário Adir Assad e Fernando Cavendish. Operação batizada de Saqueador investiga desvio de R$ 370 milhões de obras e serviços contratados pelo poder público

atualizado

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1 de 1 juiz - Foto: José Cruz/ABr

O empresário Carlos Augusto Cachoeira, o Carlinhos Cachoeira, é alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (30/6). Ele foi preso em Goiânia (GO). Segundo a PF, também foram emitidos mandados de prisão contra o empresário Adir Assad; o ex-presidente da empreiteira Delta Construções, Fernando Cavendish; o ex-diretor regional da Delta no DF, Cláudio Dias Abreu; e Marcelo José Abbud. Os agentes descobriram que Cavendish está no exterior e é considerado foragido da Justiça.

De acordo com a PF, os alvos teriam usado 18 empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões de forma irregular.  Para a Polícia Federal, Abbud seria o dono de empresas de fachada. O dinheiro era obtido direta a indiretamente pela Delta Construções por meio de crimes praticados contra a administração pública, para o pagamento de propina a agentes públicos.

Pelos números da PF, entre 2007 e 2012, 96% de tudo o que a Delta movimentou, equivalente a R$ 11 bilhões, vieram de verbas públicas. Desse total, os R$ 370 milhões teriam sido desviados.

Acusado de chefiar um esquema de exploração ilegal de caça-níqueis em Goiás, Cachoeira já havia sido preso em fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela PF e o Ministério Público Federal. Ele ganhou liberdade em 11 de dezembro do mesmo ano.

Desde então, Cachoeira já foi condenado por diversos crimes. A última condenação foi no dia 23 de setembro, pelo crime de violação de sigilo funcional, com pena de três anos de prisão.

CPI do Cachoeira
Cachoeira foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional em 2012. As denúncias envolviam um esquema de pagamento de propina, que favorecia a contratação da Delta Construções. Políticos do Distrito Federal, como o então governador Agnelo Queiroz (PT) e Cláudio Monteiro, que era seu chefe de gabinete na ocasião, também foram citados.

De acordo com as gravações feitas pela Polícia Federal para a Operação Monte Carlo, a empresa negociava facilidades diretamente com a cúpula do governo de Brasília. Nas conversas gravadas, aliados de Carlinhos Cachoeira, segundo a PF, disseram que a diretoria da Delta no Rio de Janeiro exigia, em contratos, a contrapartida pelas doações. E fazia pressão no Palácio do Buriti por nomeações e liberação de verbas.

Na época, a Delta constava como doadora de R$ 2,3 milhões a comitês partidários no país, entre eles os do PT e PMDB. De acordo com a Polícia Federal, assim que Agnelo foi eleito, a Delta tentou emplacar aliados em cargos-chave de administrações regionais e do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), o que facilitaria seus negócios. Além disso, tentava receber débitos do GDF por serviços supostamente prestados.

Ao comparecer à CPI, em junho de 2012, Agnelo negou qualquer favorecimento à empresa Delta Construções. Em depoimento, ele acusou o grupo liderado por Cachoeira e o então senador Demóstenes Torres de persegui-lo politicamente para poder ter controle dos serviços de limpeza urbana da capital.

O governador foi convocado, na condição de testemunha, para explicar as condições em que foram firmados contratos do Distrito Federal com a empresa. Cláudio Monteiro também prestou depoimento e negou todas as acusações. Ao final, nenhum dos dois foi citado no relatório da CPI.

Investigação antiga
As investigações da PF duraram cerca de três anos e começaram a partir do envio de documentação pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito instaurada no ano de 2012 para investigar um grupo que atuava em Goiás.

De acordo com a Polícia Federal, a apuração levou ao indiciamento de 29 pessoas suspeitas de desvios de recursos federais destinados a diversas obras públicas. Com base no Inquérito Policial da PF, 23 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF).

“O material foi imprescindível para o início das investigações na medida em que tais informações nominaram as empresas de fachada que supostamente recebiam valores desviados da pessoa jurídica investigada no presente apuratório”, aponta a Federal.

 

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