PF faz operação na Funai contra desmatamento em terra indígena
Coordenador de alto escalão na Funai, que contestou existência de indígenas isolados em local investigado, é um dos alvos da operação
atualizado
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A Polícia Federal (PF) cumpriu um mandado de busca e apreensão na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, na manhã desta quarta-feira (14/12). A ação faz parte de uma operação mais ampla que combate a grilagem de terras e o desmatamento na terra indígena Ituna/Itatá, que fica em Senador José Porfírio e Altamira, no Pará.
O coordenador-geral de Índios Isolados, Geovanio Katukina, é um dos alvos da operação. O andar em que fica a coordenação dele foi alvo de buscas. No total, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão no Pará, Tocantins, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal.
Uma reportagem do Repórter Brasil de julho deste ano mostrou que Geovanio contestou a existência de um povo isolado em Ituna/Itatá, mesmo com parecer técnico de servidores da Funai de que havia indícios desse povo.
Esse parecer de Geovanio teria permitido que a Funai retirasse a interdição temporária dessa área. No entanto, uma decisão judicial garantiu que a área continuasse protegida. A terra indígena Ituna/Itatá tem interdição de exploração desde 2011.
Indigenista morto alertou
A terra indígena de Ituna/Itatá é alvo de disputa por terra e minérios. O indigenista Bruno Pereira, assassinado com o repórter britânico Dom Phillips, em junho no Amazonas, alertou em entrevista para a Folha de S. Paulo sobre a situação de conflito nessa terra.
“São terras relativamente grandes e que valem milhões e milhões de reais”, afirmou na entrevista publicada após sua morte.
Inclusive, a coordenação-geral de Índios Isolados foi o último cargo de Bruno Pereira na Funai, mesma função agora ocupada por Geovanio.
Segundo a PF, essa terra é considerada invadida e desmatada do país. A operação que visa combater a grilagem nessa área foi batizada de Avarus, que é uma palavra em latim para avareza.
Prisão
Durante o cumprimento dos mandados de prisão, a PF prendeu um dos investigados por grilagem em Altamira, pois ele tinha pornografia infantil no celular. Foram apreendidos documentos, computadores, celulares e pen drives.
Ainda segundo a PF, as penas somadas dos crimes investigados podem ultrapassar 20 anos de prisão.
Em nota ao Metrópoles, a Funai informou que não comenta investigações em curso e que está à disposição para colaborar com o trabalho das autoridades policiais.
A reportagem questionou se Geovanio será mantido no cargo de coordenador-geral, mas o órgão não respondeu ao questionamento na nota.